terça-feira, 1 de setembro de 2009

saudades de lugar nenhum

Sábado fui num bar onde nunca estive. Ele existe há 17 anos em São Paulo, ou seja, eu tinha 10 quando abriu. Cheguei lá e achei o lugar um moquifo. Moquifos costumam ter ótima música, pensei. Depois de alguns passos, muito charmoso. Aconchegante, clima de "lá em casa". Luz baixa, várias mesinhas, pessoas interessantes e um palco ao fundo. Bem iluminado. Um garçom simpático faz toda a diferença. Gostei, certamente me tornarei uma habitué, pensei (de novo). Sentei com uns amigos que já tinham chegado. "Pô, legal esse lugar, né, meu? São Paulo surpreende a gente com uns buracos, vou te contar...".
"Pois é", diz uma amiga. "Hoje é a última noite, estão fechando".
Como assim????????? Hein?! Encontro um lugar de música bacana, barato, com pessoas bonitas, garçom simpático... e vai fechar?
Dezessete anos se passaram e vai fechar BEM hoje???
Daí em diante parecíamos um monte de bêbados saudosistas. No palco se sucediam músicos mais ou menos significativos - a maior parte deles realmente bons, que de alguma forma prestavam homenagem à casa que foi tão importante para a música brasileira dos anos 1990. O bar parava para ouvir. E aplaudir. Entre uma entrada e outra, os dois sócios se revezavam para narrar pequenas histórias do lugar, detalhes de personagens especiais, palavras bonitas e comoventes. Todos participavam de alguma forma - até nós, que estávamos lá pela primeira vez. O clima não estava derrotista, mas genuína e estranhamente esperançoso. Amigos de longa data trocando abraços, cantando e bebendo juntos num ambiente familiar. A última frase de que me lembro, e anotei para não esquecer antes de algumas doses de Seleta, foi o Rafa dizendo: "Puxa, já estou quase com saudades de um lugar onde nunca vim". Nos olhamos. E rimos muito: na felicidade melancólica que só a madrugada é capaz de trazer.

2 comentários:

Anônimo disse...

que bar foi esse? fiquei curioso!

rafael disse...

No tom...
Como diria a Mel, "triste triste"... mas com sorriso no rosto.

A noite, e o post!

Adorei.