domingo, 18 de agosto de 2013

engano

Era pra ter sido assim:

CENA 1 - EXTERIOR/ MANHÃ ENSOLARADA

ELA dirige um buggy. Cabelos ao vento, olhar distraído, vê ELE andando a pé. Encosta o carro.

- Oi, tudo bem? tá indo pra onde?
- Oi, tudo!! To de folga, e tu?
- Entra aí, to indo pra praia do Leão. Quer ir?
- Ah, valeu, tenho um compromisso, não vai dar.
- Beleza, a gente se encontra por aí então...
- Até, aproveita!
- Tchau.

FADE OUT.

domingo, 11 de agosto de 2013

mama africa

Vou te contar uma coisa: o que não me mata, me fortalece. Mas quem disse que eu quero ficar mais forte?? Sou uma fortaleza já, dessas bem fortificadas. Pra quê mais?! Fato é que na vida a gente realmente se coloca numas ciladas e, na hora que vai ver, já tá no labirinto, girando em círculos, procurando a saída, morrendo de tanto sentir. Eu não sinto no conta-gotas, pra mim sempre foi tudo ou nada, ou é ou não é. Então cá estou eu, passando sozinha pela experiência mais assustadora, mais reveladora, mais transformadora de toda minha vida! Nunca imaginei que pudesse ser assim. Honestamente, nunca de fato levei a sério essa coisa de produção independente, sempre idealizei uma tríade como família, já que eu venho de uma tríade muito sólida, muito integra. Como criar um filho sem pai? Eu não sei como é crescer sem pai. O meu é incrível, presente, sempre me apoiou, mesmo silenciando quando não concorda com minhas decisões. Sempre se interessou por mim, pelas mínimas coisas que faço, que sinto, mesmo usando minha mãe como interlocutora. Meu pai me admira e me respeita, mesmo me achando "alternativa demais" às vezes. Meu pai me escuta. Meu pai é pai e minha mãe é mãe. E eu não sei como conciliar dois papéis em um, não sei bem como lidar com minhas próprias emoções contraditórias e não quero de jeito nenhum projetá-las no meu filho. Então vou seguindo, tomando consciência e dando passos cautelosos na tentativa de acertar, mas na certeza de que vou escorregar. Em paz e cada dia mais barriguda.

Feliz dia dos pais pra você que é mãe solteira.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

super mulher



Eu já não sabia mais como lidar com uma vida cheia de atribuições. Tive que me exilar numa ilha semi deserta no meio do Atlântico pra deixar de ter 4 empregos, fazer pós graduação, estudar canto, assistir a todos os filmes em cartaz, ir ao supermercado, ser bem cuidada, culta, sociável e namorável...
Não sucedi muito. Foram poucos meses de “experiência do vazio”. Logo comecei a me envolver em trabalhos comunitários, cursos, atividades mil fora o meu trabalho oficial – que eu tinha jurado que era a única coisa que eu ia fazer porque realmente precisava! Então o tempo foi me engolindo, a rotina frenética foi se apaixonando por mim novamente. Aceitei que esta é minha essência, não posso fugir dela. Não deixei de ir à praia, mergulhar, aproveitar a ilha... mas fui acumulando funções, recheando meus dias de compromissos e horários.
Então entra em cena uma barriga. Atualmente com 24 cm. Ela me impôs limites. De repente, cadê minha independência? Onde foi parar minha vontade própria? Cadê minha disposição para enfrentar jornadas de trabalho, estudo, prazer?? Essa história de gravidez é uma insanidade! Eu preciso deixar tudo em ordem pra quando meu filho chegar!!!! Estar saudável e cuidar para que ele esteja, praticar yoga, cozinhar e comer bem, ganhar e guardar dinheiro, fazer um caderninho de memórias para ele, pensar em como será o parto, onde, quando e com quem, concluir trabalhos e realizar repasses e treinamentos, lidar com o fim de um relacionamento no meio deste turbilhão emocional, cuidar da relação com meu pai, ter paciência com a imbecil que tirou 15 dias de atestado médico no trabalho, organizar chás de fraldas e ter um enxoval mínimo para receber o pequeno, cortar o cabelo, a unha, ser blogueira, conciliadora, versátil, magra e... louca??? chegaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Cansei de ser super mulher.  Não quero. Não preciso.
Mas não sei como ser diferente.
#levedesespero

domingo, 4 de agosto de 2013

tudo tão rápido

Eis que, de repente, 25 semanas. Isso quer dizer: pausa para nada. A vida corre desenfreada, mais do que antes. Já passei da metade do caminho e... tantas coisas para fazer! Acordo e adormeço querendo sorver cada segundo desta maravilhosa experiência, cada milímetro desta barriga, cada movimento deste pequeno ser que cresce dentro de mim, graças a mim, cresce comigo. Me preparo para recebê-lo com tudo que há de melhor em mim. Me dedico a orar com ele, falar com ele, cantar pra ele, desenhar pra ele, escrever pra ele. Me sinto bonita por ele e para ele. Quero que ele tenha uma mãe bonita. Sorrio mais por ele, tento relevar a vida por ele. Quero que ele tenha uma mãe bem humorada e leve. E quando ouço seu coração batendo que nem uma alfaia acelerada, não consigo imaginar nada maior do que este milagre. Sinceramente? Tudo inesperado. Nada disso pode sequer ser imaginado ou descrito sem que seja sentido na pele. É pura magia, a natureza dominando seu corpo com toda força. É só confiar e entregar!