domingo, 30 de outubro de 2011

quando o encanto acaba

Ando amarga e reconheço. Quando falta a paixão, fico insuportável. Quando ela me escapa pelos dedos, a apatia entra de sola, a vontade é de nada. A vida fica monotom, monocromática, mono. E eu quero uma vida stereo. De preferência sorround sound. Sigo na busca desenfreada - e um tanto solitária - pelo encanto no dia-a-dia, nas pequenas coisas, pelo prazer na banalidade, pela beleza da cor do céu, que todo dia me parece outro azul. Mas me sinto vencida pelo cansaço. Me sinto frágil, dobrada pelo vento. Preciso de adubo. Não tenho mais forças para me garantir, para me auto sustentar em qualquer situação, para me bancar, para pôr os pingos nos is. Às vezes eu também caio.

Ando amarga e reconheço.
Ando desentancada.
E não sei como me recuperar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

os 30

Não achei que fazer trinta anos seria tão marcante. Foi lindo, emocionante, representativo. Até pareço uma nova eu - claro que simbolicamente. Estou fã de mim mesma, da minha fidelidade, da minha ousadia, da minha feminilidade. Ando cheia de sonhos e planos realizáveis, por mais loucos que pareçam, e sinto que tudo inspira. Se penso em ficar aqui pra vida, já não acho tão absurdo, mas sei bem que não tenho fronteiras.

De qualquer forma, aqui ou em qualquer outro lugar, o que querer mais da vida, senão vivê-la apenas com saúde, calma e luz?

Tenho muitas coisas pra dizer, cada vez mais. Não há 'coisas que não precisam ser ditas'. Por isso tenho dito - aprendendo a dizê-las. Se não as digo, escrevo. Porque guardadas é que as coisas não podem ficar. Olho pro lado, vejo as pessoas se carregando como chaveirinhos, trofeuzinhos baratos. Intimidade comprada no supermercado. Vejo casais desequilibrados, se amparando em loucuras e excentricidades para seguir juntos. Queria poder gritar para eles: "hey, isso não é amor. Sejam felizes, façam muito sexo e se droguem, mas não banalizem a palavra amor!".

Então olho pra trás e me lembro que já vivi algumas coisas, e que aprendi com elas. Isso é impagável. Já vivi algumas coisas para saber sobretudo o que não quero mais viver. Por vezes choro calada, pagando pelas minhas escolhas. Mas me sinto mais integra assim do que abrindo mão de coisas a mim tão caras, só para não estar só. Olhe agora você: que puta mulher está ao seu lado, seu bobão.