quinta-feira, 16 de abril de 2015

eu não sei mais escrever

Minha escrita anda quase irremediavelmente enferrujada. Fico aqui pensando que já tá muito tarde, que deveria aproveitar para descansar enquanto o bebê dorme, que a pressa não vai deixar a inspiração chegar.

Escrevo, apago.

Escrevo, apago.

Não consigo mais amar as palavras que um dia já foram tão minhas. Acho que desaprendi a escrever. Acho que tive que guardar minha sensibilidade numa caixinha. Engavetei emoções. Me perdi no rebuliço da maternidade. Respiro curtinho, enredada em mil afazeres profissionais, domésticos, maternais, filhais... Esqueci das minhas vontades. Há quanto tempo não suspiro de prazer?

Neste que é, até agora, meu momento mais cheio de vazio, de incertezas, de desrumos. Nesta era de crises planetárias, nacionais, governamentais. Neste tempo de excesso de egos, de ofertas, de virtualidades... neste tempo, me desencontro de mim, da minha essência. Não sei onde vim parar. E nem como daqui sair. Talvez o retorno a estas letras me ajude a encontrar o caminho de volta pra casa do coração.