terça-feira, 30 de junho de 2009

adelante!

"É o que estamos a tentar: andar e fazer caminho, fazer caminho e andar. A jornada será longa, mas não desanimaremos. Em cada dia chegaremos, em cada dia partiremos. Mais além, sempre mais além."
José Saramago

Enviado por uma querida e fiel leitora por email.
No dia de hoje, só mesmo uma frase dessas...

sábado, 27 de junho de 2009

umbigo

O que é a motivação? Onde é que ela tá? É algo que vem de dentro? Ou se encontra nos estímulos externos? Ou nos dois lugares? Ou em lugar nenhum, ela simplesmente brota? Eu só quero que alguém me fale onde é que eu posso encontrá-la. Cansei de caçá-la. Quando a busco, na maior parte das vezes acho. Mas há dias que a perdi. E me esforço, me esforço pra tirá-la lá do fundo do umbigo, onde ela se esconde e se amarra. Tenho conseguido manter as aparências, mas de verdade: ela está teimosa, não quer vir. Não sai. Ou não entra, sei lá (afinal, ela está fora ou dentro?).
O que será que ela teme? Solidão? Inadequação? Poluição? Lixão?
Acho que a minha motivação está tímida, é isso. Ela me contou que anda acuada, porque fica toda motivada com caras interessantes que no final se demonstram uns babacas - para que não pensem que eu estou me referindo a algum caso concreto, deixo claro desde logo que estou sim, a vários. Ela está cansada de se motivar SÓ porque o dia está ensolarado, ou SÓ porque a peça foi boa, ou SÓ porque ganhou um cachecol vermelho. Eu disse: "minha querida, mas essas são ótimas razões para você se motivar!". Ela concordou, mas se cansou. Se cansou e pronto. E se amarrou no meu umbigo. Verdade, eu sinto ela no umbigo, olha que coisa estranha!
Então, agora que eu já escrevi, minha amiga ligou e eu chorei, ela me disse que vem me buscar pra irmos jantar. Vou comer uma coisinha bem quentinha e gostosa, quem sabe SÓ com isso.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

intens(idade)

Oi.
Olha, olha.
Olha prá você.
Olha pro que te tornastes.
Gostas?
Olha pro que está em construção de ti.
Olha pro que já está construído e pode ser reformado.
Olha nos olhos, lá no fundo, sem piscar. Deixa lacrimejar.
Acessa a alma, será que consegues?
Acessa a dor, a aflição, as angustias.
Revive as alegrias, os azuis mais celestiais, os orgasmos, os espasmos.
Repara. Quantos?
Arrepios sutis, o ar que falta.
Sobre todas as coisas, as cenas em slow motion, a poesia que guarda cada instante, as breves memórias embaçadas. Pra sempre.
Chora. Chora de susto, de surpresa, de incabível felicidade, de tristeza suicida.
E embriaga-te. De mim.

Sabes o que te falta?
Coragem.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ótimo!

Por que diabos insisto nessa profissão???
http://www.youtube.com/watch?v=Njjeb2bN578

segunda-feira, 22 de junho de 2009

apesar dos defeitos

As relações saudáveis têm o caráter da troca e relacionam-se a um entendimento mais amplo desse forte sentimento humano que é o amor. Amar significa relacionar-se ao pacote completo, encantar-se com as qualidades sem negar os defeitos, ou seja, amar apesar dos defeitos.

sábado, 20 de junho de 2009

É impossível ficar de mal humor depois de achar seus vestígios pela casa. Me surpreendo com a sua capacidade de me surpreender.
Que delícia!
Meu dia foi ótimo, obrigada.

malditos hormônios

indiferença irritação falta de vontade impaciencia preguiça
à flor da pele, tudo
dor choro porrada sono
acupuntura yoga respira, filha da puta, respiiiira!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

frase bonita que ouvi hoje

Tem maquiagens que maquiam, e maquiagens que revelam.
A sua é das que revelam.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

frágil

sabe qual é a impressão que eu tenho??? Que eu só estou esperando alguma coisa dar errado, qualquer coisa, pouco ou muito errado, não importa. Qualquer sinal de que vou me frustrar, de que vou ser deixada na mão, de que a chave vai ficar lá na portaria. Estou respirando curtinho, meio no susto, esperando a chance de bradar: "eu sabia!".

A impressão que eu tenho é que tô esperando qualquer uma dessas coisas acontecer pra poder cair num choro convulsivo.
Mas meu santo é forte. Nada vai dar errado.
Certo?

p.s.: esse frio tá foda!
p.s.2: é cambaleando em companhia que a gente se segura!

terça-feira, 16 de junho de 2009

i told you i was trouble

Lembra quando a gente foi pro sítio da paulinha ouvindo amy winehouse?!?
'Cause you're my fella, my guy...
Hoje me deu saudades.
cara, tô precisando me apaixonar.
U-R-G-E-N-T-E!

domingo, 14 de junho de 2009

voltando pra casa

Essa semana foi uma grande abstração na minha vida. Participei do 23 Congresso internacional do ISPA (International Society for the Performing Arts), evento que reuniu mais de 300 gestores culturais, artistas e produtroes de 23 países aqui em São Paulo. Conheci muita gente bacana, passei por experiências únicas, fiz contatos que serão uteis para o meu trabalho, outros certamente essenciais para a vida. A festa de encerramento foi na Sala São Paulo. Chiquérrima e super bem cuidada, como foi todo o congresso, que ocorreu em diversos locais, desde o Museu de Arte de São Paulo, passando pelo Parque da Água Branca, até o CEU Alvarenga, zona sul da cidade. Comi e bebi maravilhosamente bem, estive ao lado da Fernanda Montenegro, jantei com Benson Puah, dancei até a perna pedir arrego, dei muita risada.
...
E o que causa em mim (quase sempre) o desconforto repentino?

Encontrei com a Andreia Dias, da Banda Glória, enquanto ambas atacávamos a mesa de doces: - Andreia, oi. Queria te dizer que você - quando ainda tinha cabelos compridos - fazia minhas noites felizes no União Fraterna. Você canta que é uma delícia!
Ela sorriu amarelo, colocando na boca um bocado de morango com suspiros. Suspirou.
Eu perguntei: - Você tá feliz? (que ideia, perguntar isso bêbada às 2h00 da manhã pra uma cantora...)
- Mais ou menos... - respondeu ela. - É engraçado, agora que a banda tá bem, minha carreira solo está em destaque, entra muito pouca grana. Isso dá um bode...
Seguimos conversando. Confessei que, naquelas noites de 2005, enquanto ela cantava sacolejando seu vestido vermelho, sua música embalava minha dança apaixonada com um homem muito importante na minha vida.
- Que bom! (sorriso menos amarelo). Vocês ainda estão juntos?
- Não... mas ele foi um grande amor.
- ah, então, é isso que importa!

Depois disso, ela voltou ao palco, eu à pista, mas tudo ficou meio sem sentido. Passei a semana discutindo como viabilizar e fazer circular bens culturais, em como facilitar seu acesso à população, formar platéias, e a cantora afirma que simplesmente não consegue tirar seu ganha pão do seu ofício.
Fui para o canto da pista de dança e fiquei observando, pela vidraça, a Estação Julio Prestes. Duas moças arrastavam seus rodos limpando o chão e os trens parados na plataforma. Dois seguranças se encolhiam dentro de seus casacos, buscando se proteger do frio. Eu, do lado de dentro, ensaiava uns passos de samba e os convidei pra dançar com um sorriso. Eles retribuiram, mas não se moveram. E de repente uma incrível melancolia me invadiu. Olhei pra aquela cena e percebi que nada mudou. Há séculos, há quem dança do lado de cá do vidro e quem, lá fora, nunca entrará na dança. Há séculos que ninguém olha pra isso e nem quer olhar. Há séculos continuamos perpetuando essa lógica. Até quando, meu Deus?!

Hoje [voltando pra casa] desejei ardentemente ser uma daquelas mocinhas que se confessam e guardam dentro de si um pouco de serenidade.
Simone de Beauvoir

sábado, 13 de junho de 2009

ufa!

passou esta data mais infame.
e eu tô aqui, inteiraça!
nem doeu.
até o ano que vem, então.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

fervilhando

Passei as últimas 48 horas (quase literalmente) respirando cultura Falando sobre cultura, comendo leis de incentivo, debatendo o papel das artes, ouvindo boas práticas internacionais. Fui ao banheiro com conceitos de cidadania, tomei cafezinho com as políticas públicas, pelejei com a diversidade. Até com a dona Liberdade veio me procurar para trocarmos cartões.
As últimas 48 horas também passei refletindo. As últimas cinco, vivenciando no meu corpo os prazeres da arte, alimentando a minha alma. Estou confusa, agitada. Se num momento me animo, no outro me desestimulo. Se num momento acredito, no momento seguinte acho que tá tudo errado, uma zona mesmo.

Mas vamolá, fazêoquê? Tâmo aquí, né?! O negócio é se molhá!

Como sempre os aprendizados são grandes e me deixam inquieta, pensando nas milhares de possibilidades que o mundo nos oferece, nas milhares de pessoas interessantes que cruzam o nosso caminho. São aprendizados humanos que transcendem a prática e a burocracia de leis falhas e de um Estado incipiente.
Fica cada vez mais forte a certeza de que a cidadania somos nós quem construímos, individualmente, para aplicar na coletividade. Fica a compreesão de que muito avançamos em processos democráticos, em construções de políticas públicas, mas que ainda estamos engatinhando - sim, há ainda um tanto por fazer que dá aquela angustia de não saber nem por onde começar! Fica também cada vez mais forte a impressão de que o individualismo está ruindo, assim como valores excusos do império norte-americano que cultiva o deus capitalismo. Apesar de muitos ainda relutarem, as ações pautadas por esses valores começam a não ter mais espaço neste mundo, onde as redes sociais imperam soberanas. Um mundo coletivo, diverso em sua essência, um mundo em que as conexões são inevitáveis e incontroláveis, e os propósitos reconhecíveis. Um novo contexto onde há que aprender a lidar com a liberdade de ser, de estar, de escolher, de se espressar... a grande maioria de nós não sabe lidar com nada disso - brama por liberdade, mas não sabe nem mesmo administrar a que já tem.
Puxa, estou tão lotada de sentimentos. Transbordando.
Fica, sem dúvida, a certeza de que as coisas têm o seu tempo de acontecer. E elas já estão acontecendo. A Cultura, em seu sentido amplo, é como o ar: nunca pode faltar, senão deixamos de existir.

terça-feira, 9 de junho de 2009

não se preocupe:

qualquer dia, não muito distante de hoje, resolvemos isso.

Só pra deixar registrado: sempre há o que fazer.
E as coisas sempre se ajeitam.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

o espelho

Se tem um objeto com quem eu tenho uma relação íntima, esse objeto é o espelho. Ele revela o que há de melhor e de pior e mim, todas as obviedades e superficialidades que habitam meu corpo. Nele me reconheço não só fisicamente - o que por si só já é fantástico - mas enxergo também as várias eus que me visitam. E não há satisfação mais plena do que, ao me olhar, perceber que já não está mais lá aquilo que abomino, que quero afastar. Mas sei também que isso custa: leva tempo e dá trabalho. Sei como mata aos poucos olhar-se todo dia, diversas vezes por dia, e continuar vendo refletida, correspondendo a cada gesto contido, aquela sua velha imagem que você busca renovar.
Paciência. É só o que eu te peço.

sábado, 6 de junho de 2009

ócio criativo

É fato. O artista precisa de tempo "ocioso".
O escritor - artista da palavra - precisa de tempo "ocioso" para se inspirar. O tempo ocioso aos nossos olhos é o seu ofício, sua carpintaria, seu adquirir poesia em protagonizar pequenas coisas. Suas grandes ideias literárias dão trabalho, vêm de uma sensibilidade incompreendida, curtida e cumprida, de uma observação despressurizada, sem pressão, sem pressa. Desenvolver essas grandes ideias não é um dom, mas um exercício. Um exercício que neste momento sou incapaz de fazer.
A semana foi pesada.
Pesada.
E eu estou repetitiva.
Repetitiva.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

modern life sucks

Eu não to dando conta de ler todos os livros que estou ganhando. E estou comprando outros tantos que estou empilhando em algum canto, sem nem me dar conta. Jurei que não ia mais fazer isso - e consegui cumprir a promessa por um bom tempo. Eu não tô dando conta de dar a devida atenção a algumas pessoas como gostaria. De falar com meu pai, de ligar pros meus avós. De ser amorosa como é a minha essência, e de ouvir mais, que é um dos meus propósitos principais. Não tô dando conta de checar meus hotmails, meu gmail, o orkut, o facebook, o twitter, o owa, a rede novolhar. Não to dando conta de acordar cedo, comer frutas, de ir na natação com esse frio. Já perdi a conta do número das minhas faltas. Não to dando conta da solidão dominical e do cansaço que a acompanha. Quero dar conta de simplesmente não fazer nada, mas não dou. E não dou conta de decidir o que vou fazer nas minhas férias porque não dou conta de ficar sem fazer nada pra poder pensar nisso. Hoje o Danilo me falou que eu sou uma das mulheres que ele conhece que mais realiza coisas. E isso é bom? perguntei. Ele disse que sim, que só consigo isso pela minha competência. Pensei então que, na verdade, eu não estou é me dando dando conta do tamanho dela. E de tudo de muito legal que eu dou conta de fazer, mesmo achando que eu não dou.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

é do inferno que a gente gosta

... o inferno? É tudo aquilo de que a gente gosta e que nos é dado em excesso.

Fabrício Carpinejar, em Blooks, Sesc Pinheiros em 03.06.2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

comprei

a vida tá tão prática: já comprei!
No site pontofrio.com tinha uma cafeteira em oferta. Isso me fez lembrar que fiquei rodando meia Europa com aquela maldita máquina de espresso debaixo do braço pra te trazer de presente e ainda paguei excesso de bagagem por isso... e você agora deve estar fazendo cafés pra outra.
Amargos.

let´s go get stoned, que hoje não é dia de nada... não.

frio desgraçado

faz uns 3 invernos que quero comprar um aquecedor e nunca compro.
puta merda.
amanhã vou comprar.
pelo menos o corpo fica aquecido.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

autopsicografia

Tem horas que é melhor não escrever nada.
É por isso que eu não vou escrever, só parafrasear.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

Todos nós passamos por alguém que não somos. Ou você pensa o que? Que as pessoas sabem quem elas são? Ou que você mesmo saiba quem é?
Chega.