quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

verão

Eu adoro o horário de verão, sair do trabalho ainda à luz do dia e ver o pôr do sol por alguma fresta de concreto. Queria que fosse sempre verão. E que o sol brilhasse sempre, com um céu azul de doer de tão lindo. Pode chover à noite, eu não me importo. E no dia de finados, afinal já é tradição. Porque é bom sentir as pessoas mais sorridentes, sensuais, felizes e querendo tomar cerveja.
Bom Natal, que a paz e o amor esteja conosco.
E que em 2010 seja sempre verão.
Até.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

qual parte você não entendeu?

Nesse momento, não importa a intensidade e a duração, faz-se apenas necessário um ponto final. Um ponto para que eu possa começar um novo parágrafo com letra maiúscula e recuo. Com um ponto e vírgula, sou obrigada a permanecer na mesma linha e a continuar a história indefinidamente, buscando na imaginação desfechos improváveis até mesmo para contos de fadas. Não há culpados, sei que a maior parte de nós carrega marcas e feridas de outras paragens, mas não é isso que quero para mim. Eu quero sair limpa, o mais limpa possível.
Cuidado é bom e eu gosto. E respeito também.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

não há o que temer

Quando eu acho que tudo foi terrível, penso que poderia ter sido pior, e isso me conforta. No final dá tudo certo. Sempre.

This is the world that we live in
I still want something real
This is the world that we live in
I know that we can heal over time
{The Killers}

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

um ano

Como diz a Rita, o mês de dezembro parece que dura dois meses... é uma correria insana. E nessa correria eu só me dei conta hoje de que, há quinze dias, esse blog fez um ano. Parabéns!! E viva por ter resistido quase que diariamente a um exercício de reflexão, burilação da palavra, exposição da alma. Um grande companheiro este blog foi para mim em 2009!
Ontem encontrei o André no Filial, fazia anos que não o via, que cara inteligente, interessado, muito gracinha. Meio sem querer entramos numa de contar o que havíamos feito durante o ano, começando pelo reveillon passado. Eu estava na Amazônia, êta viagenzinha bizarra, mas divertida! Na volta, fui promovida e mudei de área. Trabalhei vorazmente este ano, e também voltei a estudar. Conheci uma grande variedade de rapazes, a maior parte não valeu a pena, mas como diz o Pessoa, "tudo vale a pena se a alma não é pequena". Sendo assim, todos valeram a pena. Encontrei muita, muita gente bacana no meu caminho, isso foi incrível! E comecei a fazer percussão, que amo de paixão. Não fiquei doente este ano, nem uma vezinha sequer (resfriado e cólica não contam...). Fiquei muito tempo com a minha mãe, tornando cada momento divino e supervalorizado ao me lembrar da falta que ela fazia quando não estava por aqui. Me engajei no Movimento Novo Olhar, viajei pra lugares maravilhosos, estive muito tempo comigo e com as borboletas. Aprendi muito com ambos. Senti muita vontade de cantar........ e cantei! Ahhhhh, esse ano foi do caralho!!!! Que venha 2010!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

reflexiva

Tive sentimentos contraditórios nos últimos dias e, por diversas vezes, comecei a escrever sobre eles aqui. Mas estou aprendendo que nesses momentos, é melhor ficar quietinha, esperar passar, sangrar, fluir, explusar. Dormir bastante e tomar água. Comer tudo o que tiver vontade, porque não vai adiantar tentar evitar. Depois de uns 100 sinais vindos de todos os cantos, percebi as ótimas chances que tenho tido de ficar sozinha comigo, exercitando um controle saudável sobre meus hormônios rebeldes.
Nesses dias, em que deixei a poeira subir e descer mais devagar, consegui perceber que no calor da hora não atentamos para a concomitância dos fatos. Enquanto olhava pro meu copo meio vazio (coisa que não tenho o costume de fazer), a outra metade (cheia) estava ao meu lado. Literalmente. No exato momento em que me sentia desapontada pela falta de comprometimento das pessoas, pensando em como estão superficialóides as nossas relações e vazios nossos propósitos, tive a oportunidade de trabalhar com um ser humano incrível, intenso, coerente com sua fala, mergulhado no seu trabalho, super comprometido.
Foi bom demais.
Então, tá dito e re-dito: tudo acontece na hora certa.
Está tudo no seu perfeito lugar dentro da caótica ordem cósmica.
Calma e confie.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

filha de Iansã

Parece que nada pode me conter, os espaços são pequenos para a minha expansão, para as minhas ganas e para o que desejo transformar. E por sorte e merecimento, por trabalho e suor, tenho conseguido me aproximar mais e mais dos meus desejos. Tudo flui incrivelmente, intensamente, loucamente. É muito bom se sentir em casa fora dela, é bom ter certeza de escolhas feitas, mesmo que elas sejam efêmeras. Não há nada que um atabaque não resolva. Toda a pulsação, toda a expulsão, toda a energia está ali manifesta através de mim.
Definitivamente quinta-feira é o ponto alto da minha semana.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

pra você...

...que anda sem vontade de nada, de cara feia e amarrada, de mau humor e engasgada. Pra você, dedico uma frase de um livro que você nunca vai ler (que pena):

"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas".

Guimarães Rosa
Grande Sertão: Veredas

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

hueco

sabe como é? uma coisa meio difícil, assim, acochambrada. Saber que estás, todos os dias ali, na minha passagem, seu cheiro no meu cheiro, umbigos colados, seu nome na minha boca, sem que eu possa te chamar, gritar por você, pedir para que venhas, para que voltes, para que chegues logo... porque já sei: não te moves um milímetro sequer. E isso me deixa um buraco no meio do peito. Uma desesperança, de repente. Uma paúra de que já não venhas.

Dizem que o amor nasce com a gente. Vai ver tu nasceste sem.

sábado, 5 de dezembro de 2009

a saga do atropelamento imaginário

"Por que ninguém me atropela?" era o nome do filme.
Protagonista não muito original para uma sexta-feira chuvosa em São Paulo: o trânsito, que começava seu efeito-dominó depois de um engavetamento em plena 23 de Maio.
Direção, produção e participação especial: ele e ela, que seguiam tranquilos e felizes num táxi rumo ao aeroporto de Congonhas. A batida travou a porta e ela não conseguia sair do carro. O susto e o impacto causaram uma forte dor em sua nuca, enquanto pela janela, uma garoa insistente anunciava que perderiam o avião. Foram necessários alguns minutos de entendimento: acidentes de trânsito são muito loucos, parece que nada aconteceu, mas quando você sai do carro, vê o estrago que foi: o táxi parecia uma sanfona entre os outros dois. Parar outro táxi no meio da avenida era uma ideia suicida, mas era a única saída pra tentar salvar a situação. Antes, porém, um registro de aspectos pouco convencionais dos últimos acontecimentos, em foto e vídeo (com direito a créditos para o marronzinho da CET).
Foi aí que nasceu o mini-filme que teve o poder de tornar tudo mais leve: "Por que ninguém me atropela?" [A verdade é que ela já se sentia meio atropelada, só não tinha se dado conta disso ainda].
(Ele em função videomaker)

Um bom trânsito depois, já no aerorporto, a suspeita é confirmada: "O embarque já foi encerrado, senhora, sinto muito". Ok. Pense rápido, o que fazer, pra quem ligar, como remarcar. Um forte enjôo vem com força e junto dele uma tremedeira, antes os braços, logo as pernas, logo dor de cabeça. Vamos adiar, vamos hoje à noite?! Adiamos a palestra para amanhã de manhã, pode ser? Vinte e cinco telefonemas, rearranjos, pedidos de desculpas, ponderações. Certo, vamos hoje à noite.
Nesse momento ela começou a sentir a velocidade das coisas, o atropelamento: eles haviam acabado de se conhecer antes de entrar naquele maldito táxi. Não tinham a menor intimidade e já havia acontecido tanta coisa... como era possível?!
E faltavam cinco horas para o próximo vôo.
......
Aceitar que as coisas têm sua razão de ser traz um baita aprendizado. Você amadurece e percebe que não tem o menor controle sobre o movimento cósmico. O vôo da noite, por exemplo - aquele de cinco horas depois, atrasou mais algumas horas e foi finalmente transferido para Guarulhos. Ele e ela, lendo respectivamente Época e Piauí, estavam cansados e quase não restavam gotas de bom humor. Chegariam em seu destino perto das três da madrugada, para a palestra às 9h30.
"Moço, por favor, tem um vôo amanhã cedo? Dá pra trocar???". Mais alguns telefonemas aos envolvidos para novos ajustes.
Despediram-se.
Amanhã viremos com meu carro, disse ele. Passo na sua casa às 6h30.
.......
As pessoas então têm a ilusão de que uma noite dormida em escassez é a solução para todos os problemas. De manhã eles de fato parecem menores, é verdade, mas apenas um sono reparador de 13 horas seria capaz de livrar o corpo dela dos amassos causados pelo atropelamento imaginário da noite anterior. Apesar disso, acorda bem disposta. Ainda está escuro lá fora. Confessa para si mesma o receio de que ele perca a hora, então resolve dar uma ligadinha, só pra garantir. Tudo certo. Chegam ao aeroporto e checam no telão o portão do vôo, que aparece com status de "atrasado" e com embarque previsto em outro portão. Resolvem tomar um café e ouvem atentamente a chamada para os vôos, até que a voz metálica sinaliza a definitiva mudança de portão para, logo em seguida, chamar apenas uma vez o embarque imediato. Dirigem-se ao portão anunciado e, parados diante dele, aguardam a abertura da porta de vidro que leva ao finger. Nenhuma manifestação, nenhum movimento suspeito. Todos na sala de embarque aguardam pacientemente. Em seguida, observando intrigada a porta fechada, ela aproxima-se da comissária de plantão: está atrasado? "Está, sim senhora, podem aguardar que estaremos chamando" (sic).
Sentam-se, resignados. Está ficando cada vez mais complicada essa história. Puxa vida, temos horário marcado... será que se eu processar a TAM funciona?!, pergunta ela. Foi num ímpeto, depois de alguns minutos, que decidiu ir novamente ao balcão perguntar sobre o vôo.
"ESSE vôo, senhora, já foi. Acaba de decolar".
......
Sentia-se inteira e litealmente atropelada, desta vez por um avião. Não conteve o choro, mandou a polidez pra casa do caralho, não entendia e não conseguia explicar.
Mas, é isso, as coisas são como devem ser. Life´s meant to be. E, como um imã, ela atrai pessoas dóceis e compreensivas para junto de si.
Ela é uma moça de sorte. Ele, um moço de bom coração.
Lição de hoje: o humor sempre salva e de tudo se pode fazer piada.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

resta um

é muita coisa: tantos estímulos, tantas cores, aniversários, esbarrões inusitados, arrepios. Conversas intermináveis e deliciosas, tamanha intensidade. É tanta graça e charme, roçar delicado de peles, é tanto calor! São tantas lembranças, tantas canções, o amor não se cansa de proliferar como pólen. O corpo transborda de tanto. O riso vem espontâneo, olhares matutinos de soslaio, o bem estar dá corda na existência.
Não sinto os pés do chão. É tanto, muito, tudo.
Mas no final, só resta um.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sometimes I get nervous
When I see an open door...