sexta-feira, 28 de junho de 2013

só escrevendo pra cuspir esse nó.
nó que só ata garganta e coração,
que não desata emoção.

nó que agora deveria ser laço de união.
é só um nó que não se afrouxa na escuridão.

que nó que dá na minha mente estar só com este nó que não quer desatar.
que nó na garganta não saber quanto só vou estar - pra sempre ou nunca mais?

melhor só sem nó?
melhor só, sem dó.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

cha-cha-changes!

Em tempo de tantas reviravoltas sociais, chacoalhões políticos, tormentas populares, não me deixo tomar pelo entusiasmo excessivo, pela onda de otimismo de que amanhã vamos acordar num novo Brasil. Fico desconfiada, conheço meu galinheiro: sei que somos capazes de nos esvaziar com a mesma intensidade, rapidez e fulgor com que nos inflamamos. Somos um povo passional, apaixonado, apaixonante com tudo o que isso tem de bom e de ruim. De qualquer forma, estou feliz e orgulhosa por este levante. Independentemente de seus resultados concretos, já cumpriu um efeito simbólico muito importante. As crianças, por exemplo, estão vivenciando plenamente um processo de cidadania e, com fé, orquestrarão uma geração mais consciente, menos apática do que a nossa. É assim que ocorrem as mudanças, p-a-u-l-a-t-i-n-a-m-e-n-t-e. São questões culturais muito profundas que devem ser revistas e mudadas. Isso leva tempo. E amadurecimento. Confesso que hoje, cantando o hino nacional em coro, grávida de quatro meses, me arrepiei de verdade por um par de vezes. Os cabelinhos dos braços chegaram a se ouriçar e os olhos ficaram mareados. Senti a energia da coletividade pulsando, as pessoas realmente vendo sentido naquilo que estavam fazendo. Não éramos poucos, nem muitos, éramos apenas o número exato para aquele momento. E não há melhor sensação de plenitude do que a sensação de paz e suficiência.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

hora de acordar


Liguei pra te contar do perfume dos jasmins em flor. E falar das frutas da estação. E do banho de chuva que pensei em tomar (com você). Desta vez, não quis me preocupar com julgamentos à minha verdade, sendo contigo apenas eu mesma. Queria falar a sua língua, para que entendesses cada sílaba de mim. Tive, por um breve e ilusório instante, a certeza de que minha transparência serviria para te fazer compreender que cada ato meu foi mais uma tentativa de aproximação de mim mesma. E logo de ti.
Queria me sentir livre na sua presença - porque ainda me sinto uma estranha quando não estás. Torci para que cada palavra minha fosse um sentimento bom, e que cada sentimento se transmutasse em compaixão. E que eu pudesse apenas sorrir quando você diz o que nem sabe que está dizendo. Queria que essas lágrimas tolas parassem de insistir, me sinto ingrata por chorar em um momento tão abençoado. E que apenas as boas lembranças povoassem minha mente. Que refletida na minha íris cor de mel, eu pudesse ver seu olhar apaixonado e inocente de um dia. Queria que eu fosse a linha, e você o linho, pra sua vida bordar na minha. E fosse reaparecendo aos poucos nosso amor.
Sonho acabou, é hora de acordar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

mulher

Não há outro caminho de entrada no mundo que não seja pelo corpo da mulher. A mulher é o portal para o universo. Ela é também o ventre do Ser. Cada pessoa no mundo começou a vida como um traço minúsculo nas profundezas da mãe cujo ventre é o espaço onde esse traço se expande e se abre para assumir a forma humana. Em termos de futura identidade e destino de uma pessoa caminhando pelo mundo, este é o tempo de máxima formação e influência. No encontro humano, nada chega a ser mais próximo do que isso; nunca dois seres poderão estar mais perto como quando um está se formando nas profundezas do outro. Naturalmente a relação é imensamente desequilibrada: um é uma pessoa completa, o outro é minúsculo, apenas começando sua jornada rumo à identidade absorvendo vida da mãe. Porém, na noite do corpo materno, cada um está desesperadamente aberto ao outro. Homem nenhum chega mais perto de uma mulher. Mulher nenhuma chega mais perto de outra mulher. Esse intricado nutrir e desabrochar de identidade se dá debaixo da luz no subconsciente físico de seu corpo. A mãe não vê nada. A jornada é inteiramente às escuras. É a mais longa jornada humana do invisível ao visível. De cada via interna, o labirinto de seu corpo aporta um fluxo de vida para formar e liberar esse peregrino interno. Imagine os incríveis eventos que vão chegando para formar o embrião: de como cada partícula de crescimento equivale à formação de um mundo oriundo de fragmentos.
[John O´Donohue]

domingo, 2 de junho de 2013

Oração da Serenidade


Concedei-me, Senhor, a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. CORAGEM para modificar aquelas que posso e SABEDORIA para distinguir umas das outras.