terça-feira, 30 de novembro de 2010

tanto, só um pouco

nunca antes ela pôde ser tão grande, mas nunca antes se sentiu tão pequena. um aperto no centro do peito. um parto. uma partida. muitas partidas. um incômodo permanente. nunca antes tanta melancolia sem tanta razão, como piano e violino em dia de chuva. nunca antes tanto amor não correspondido, tanto afago traído. fala sozinha, ouve coisas que só ela ouve, percebe um mundo sutil, parece ser a única nas entrelinhas. grita sozinha um grito abafado, na fronteira entre a raiva e a dó. serão os obstaculos para serem superados ou servem pra nos indicar que devemos mudar de caminho?

realmente não sei.
e de repente percebo a vida tão frágil - e minha dor parece insignificante.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

alento

Não há canto da minha casa que eu não conheça. Já chorei em muitos de seus cantos, encolhida, ferida, esparramada. Eu sorrio muito, mas choro muito também, numa tentativa de me libertar: cada tanto que choro é um pouco de alforria que ganho. Hoje fechei a porta, sapatos nas mãos, tudo ia bem. Mas não aguentei a intensidade. Não aguentei saber que posso distinguir seu timbre em meio a tantas vozes, que ainda me move a tua presença. E que ainda ganhas minhas lágrimas. Sapatos ao chão, costas escorregando pela porta, até chegar ao chão num choro convulsivo. Já não sei teu gosto, teu cheiro me é estranho, mas tudo que guardo de ti são lembranças agradáveis. De alguma forma bizarra ainda estás em mim, num tom de desespero que te é peculiar.

Eu só desejo, com estas lágrimas, te expulsar definitivamente e me libertar (definitivamente).

sábado, 27 de novembro de 2010

roleta russa

Eu queria que a nossa história tivesse gosto de sorrisos pueris que passeiam de bicicleta pela madrugada da cidade. Olhos bem espertos e confiantes, brilhando com os faróis dos carros. Eu queria saber da gente felicidade tranquila, amor em paz, peito aberto pra encarar a vida juntos.
Mas eu, que acho que sei tudo, não sei nada.
Vou aprender aqueles acordes pra tocar o laranja de um fim da tarde veranil.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

cólera

eis que as palavras emperram. e a cada vez que tento, sai uma kanvuanza que não faz sentido nem pro meu léxico, que anda um tanto quanto confuso. é a raiva, a pena, a injustiça, a chuva, a indecisão, a lágrima, o sono, a geladeira.

sou eu?
é muito foda ser eu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

retorno de saturno

eu não sei bem o que é, mas quero crer que seja ele o culpado. Sim, porque há de haver um culpado nessa história toda de angustias injustificáveis, decisões a serem tomadas e sempre adiadas, certezas que se confundem com a absoluta falta de saber o que fazer. Ou o oposto: fazer exatamente o contrário do que se tem certeza. Tem de haver um responsável pela imobilidade emocional, catatonia, estado de pseudo-loucura, sensação de desamor e de incapacidade. O contexto se mostra complexo, cada vez mais, estou à beira do precipício: ou me lanço ou me lanço. Não me concedo outra possibilidade.

na minha vontade de simplificar o mundo, na verdade percebo que "no pain, no gain" - sem dor, não há conquistas.

SUPER PAIN = SUPER GAINS?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

muito simples

olha, eu só queria dizer que tô com saudades. Preparo chá de erva cidreira, coloco naquela caneca colorida bonita e espero você entrar, sedento para se aquecer do frio que tá lá fora e fazer um ninho no meu colo. Tô com saudades do seu cheiro, que eu não encontro em ninguém.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

fantástica fábrica de fantasias

são paulo. insalubre. insana. insaciáveis os que a habitam. teatro, boate, cinema, qualquer prazer não satisfaz. me desencontro nessas ruas de incongruências, nessa espontaneidade tão fria e suja, paradoxalmente tão acolhedora e repleta de possibilidades.

me encontro nessas esquinas de loucura.

me inspira andar sobre suas veias, uma quantidade de sangue jorra, dando vida ao que por vezes está quase morto.

sob o vão do masp, muitas cenas felizes: o translúcido nos olhos de curiosos, passantes, mendigos, crianças, todos vidrados no filme de john ford. juntos compartilhando fantasias.

no caminho de volta, já sinto saudades do que não quero mais que me causes.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

tempo, tempo, tempo

A vida tá interessante, mas incessante. Tô com muita vontade de arrumar uma mala bem pequena e tomar um avião pra lugares distantes onde ninguém, ou pouca gente, me conheça.
Então acho que é isso que eu vou fazer.