segunda-feira, 29 de novembro de 2010

alento

Não há canto da minha casa que eu não conheça. Já chorei em muitos de seus cantos, encolhida, ferida, esparramada. Eu sorrio muito, mas choro muito também, numa tentativa de me libertar: cada tanto que choro é um pouco de alforria que ganho. Hoje fechei a porta, sapatos nas mãos, tudo ia bem. Mas não aguentei a intensidade. Não aguentei saber que posso distinguir seu timbre em meio a tantas vozes, que ainda me move a tua presença. E que ainda ganhas minhas lágrimas. Sapatos ao chão, costas escorregando pela porta, até chegar ao chão num choro convulsivo. Já não sei teu gosto, teu cheiro me é estranho, mas tudo que guardo de ti são lembranças agradáveis. De alguma forma bizarra ainda estás em mim, num tom de desespero que te é peculiar.

Eu só desejo, com estas lágrimas, te expulsar definitivamente e me libertar (definitivamente).

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