sexta-feira, 29 de abril de 2011

germinar

cada um vira um pouco o outro na arte de se encontrar, se entender, se reconhecer. Na dúvida, no experimento, na ousadia, nos movimentos de libertação, na explosão. Cria=se uma identidade na intersecção de sonhos, valores, algo maior que quer nascer e não sabe o que é. Na verdade falamos todos sobre a mesma coisa: amor. 'Não excluir' é a máxima. No nível sutil: ver o invisível, ouvir o inaudível e sentir o que nunca antes foi sentido. Emoção genuina.

terça-feira, 26 de abril de 2011

essencial

Hoje me lembrei do slogan do whiskey Buchanan's: "o essencial permanece". Esse whiskey teve um papel importante numa noite lá no Bourbon Street, quando tomei um porre homérico enquanto tentava me fazer notar por um cara que depois veio a ser uma pessoa muito importante na minha vida. Naquela noite eu ainda não sabia disso (nem ele), e saí de lá carregada pela Gabi, que foi me resgatar. Faça-se justiça: Gabi já me resgatou muitas vezes. Mas nem sei porque estou contando isso... ah, sim ...porque aqui tem chovido horrores.

E quando chove: parar.

Raramente consigo parar, sou uma pessoa ativa até demais, não sossego. Gosto do frisson da vida e me envolvo em mil coisas ao mesmo tempo, com pessoas diferentes. Essa sou eu. Falo muito, gesticulo muito, sou muito intensa, tenho um perfil analítico, múltiplos interesses nos quais vou a fundo quase sempre. E gosto de conversar sobre questões existenciais. Essa é minha essência. Então eu decidi que vou parar de lutar contra ela pra querer ser alguém que não sou. E agora queria ter um copo de Buchanans aqui do meu lado só pra comemorar que o essencial permanece. Cheers.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

gosto de você, mas não é muito

na verdade eu gosto mais de mim, de certo. Em primeiro, segundo e terceiro lugar, sou eu que importo. É comigo que eu acordo todos os dias, é a minha cara que olho no espelho e perplexa pergunto: mais uma vez, sua trouxa?!? Sou eu mesma quem seco minhas lágrimas, mordo o lábio e amargo o coração - por alguns segundos apenas. Depois tudo vira ternura. Olho para baixo: só o chão e meus passos, que já são mais de um milhão rumo ao entendimento profundo de mim. Busco ser uma pessoa melhor a cada dia - e acho que consigo. Por isso, de ti não guardo raiva nenhuma. Nem ressentimento, nem nada ruim. Gosto de você, porque você é uma pessoa extremamente gostável. Sensível. Mas no fundo não provoca emoção. Seu olhar é diplomático, suas reações, calculadas. Seu nome é responsabilidade, caracteristica que estou tentando afastar de mim, cada vez mais. Você não se deixa acessar, acha mais seguro dividir sua intimidade com a cachorra. Talvez por essas razões, eu goste de você, mas não é muito. Então, o que haveria de errado em estar com você apenas para tomar um banho quente de vez em quando, ou assistir um filme num dia de chuva? Nada. E seria muito bom. Mas persigo uma leveza que não consigo conquistar e isso me aflige. Não consigo. Talvez porque eu goste de você um pouco mais do que muito.

domingo, 10 de abril de 2011

again (and repeat)

Sabe o bom de estar chegando aos 30? Aprender a passar pelas experiências da vida sem reabrir feridas, revistar dores e reafirmar crenças cristalizadas. Conseguir enxergar que cada nova experiência mal sucedida traz mais ganhos do que perdas. E que não é preciso de dor para fazer valer a vida. Sem dor é muuuuito mais legal!

Talvez, se eu tivesse escrito essas linhas ontem, seria um melô como os meus habituais, chorosos e poéticos, rasgando o coração. Mas estou gostando de deixar o drama descansar um pouco pra encarar as coisas com mais objetividade e pragmatismo - preciso aprender isso com meu pai. Nada como um dia com uma noite no meio. Sim, é verdade, estou um pouco cansada do universo masculino, de sua previsibilidade, de sua infantilidade. Mas as coisas são como são. "Não há no mundo lei que possa condenar alguém que a outro alguém deixou de amar". E quem nunca amou ninguém, não sabe o tamanho que isso tem, então a insegurança é desculpável. Sim, sobra um pouco de raiva, indignação, incompreensão. "COMO ASSIM??? Eu sou tãããão legal, como é possível que esta pessoa não enxergue que eu sou a melhor coisa que aconteceu na vida dela????". Ser preterido nunca é fácil. A dor do abandono é a que mais dói, depois da dor da morte - que não deixa de ser um abandono.
Mas tudo são reencontros e a vida é um ciclo que se repete.
Again and again.