sexta-feira, 29 de junho de 2012

aborígene do lodo

Há dias ele caminha sobre minha cabeça. Veloz. O ruído abafado de seus passos frenéticos torna minhas noites brancas. Ele é insistente, curioso demais. Meu maior desejo é que ele se vá. Que se vá para sempre. Meu desejo é que ele morra. Porque ele estava esperando eu chegar pra me lembrar que ainda há muito cinza em mim. Eu, euzinha, quem diria, com medo de encarar meu cinza... Cinza, justamente o tom dos milhares de tons, com tantas nuances, sutilezas. O tom do equilíbrio perfeito. Ele apareceu pra me lembrar de que nada é preto no branco, tudo são tons de cinza. Pra me despertar alguma raiva adormecida e um novo jeito de lidar com ela. Pra me expor ao que se esconde no escuro. Ele apareceu para me enlouquecer um pouco, afinal esses últimos meses foram de uma responsabilidade enorme comigo. Foram minha lição de casa. Agora, a prova final: encarar o rato.