quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

verdadeiramente solo

Nunca me pesou essa coisa de ser mãe solo. Talvez pelo apoio incondicional dos meus pais, nunca senti de fato essa "solidão". Por três anos me encerrei na maternidade e a ausência (mesmo) de alguém para compartilhar as conquistas do pequeno. Meu lado controlador adorou estar "no controle" (risos) de tudo.

Mas ontem (ai), ontem eu fui conhecer uma escola linda.

E na reunião de apresentação, só casais. Olhei pro lado: 5 casais. E eu.

Fato é que Antonio foi contemplado com uma bolsa integral nessa escola linda. E foi também agraciado com uma vaga na escola pública cobiçada por nós. Quanta abundância, benzadeus!

Na escola linda, o sonho.
Na EMEI, o ativismo.

Na escola linda, um abismo. Na EMEI, outro abismo.
De um lado, uma bolha protetora. Do outro, a realidade nua e crua.

Estou muito dividida. A escola do seu filho é uma decisão grande. E pela primeira vez me sinto sozinha nessa escolha. Verdadeiramente solo.


sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

vai casar

Sempre fui a menos sozinha das solteiras. Aqui e acolá, sempre tinha um hômi a tiracolo, raramente estive sozinha na vida. A grande maioria das minhas amigas tinha namoros duradouros, desses de anos... eu quase nunca. Tive um - e quase casei de véu e grinalda. Por sorte percebi a tempo que ainda era muito jovem para me privar de conhecer tantas pessoas interessantes.

De fato, a escolha de não levar adiante o único relacionamento looongo que tive me trouxe mais ganhos que perdas. Tive experiências muito apaixonadas, conheci muita gente louca, vivi intensamente (claro). Se pudesse voltar atrás, faria tudo de novo.

Hoje: 36 anos, 1 filho que já se veste sozinho... acho que quero casar! Se dependesse do tanto de vezes que já peguei o buquê, devia ter fila na minha porta. Fato é que não sei bem qual modelo de relacionamento desejo. Não acredito no casamento como está posto, mas também não sei muito pra onde correr. Talvez muita gente não goste de ler isso, mas não vejo muitos casais se divertindo pela vida. Vejo conveniências, acomodações. Vejo pouca vontade de crescer junto e muito apego aos vícios e obstáculos. Devo estar errada, por supuesto, caso contrário ninguém veria vantagem em continuar casado ;)  Estas são apenas impressões de uma solteira observadora.

Se eu tivesse que dizer o que acredito mesmo, seria: as pessoas são livres, ninguém é de ninguém. Mas sigo dizendo (até para mim mesma) o que a sociedade quer ouvir: vou casar. Como conciliar estas duas visões? Como se livrar do maldito amor romântico e viver plenamente a liberdade tão própria de quem ama? Esta é uma pergunta que tem me perseguido nos últimos tempos.

Da turma mais chegada, estão todas casadas. E pra festa de Natal, na lista eu leio "Beta + Tom". Me dá uma certa angustia. Não é inveja, não é dor de cotovelo, não é medo de envelhecer solteira - já que sozinha de fato quase nunca estive! É uma incerteza que não tem horizonte. Um lugar novo em mim que chama por um par que não seja meu filho. Um par(ceiro). Pra vida.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

mandinga

Outro dia li uma daquelas placas de "trago seu amor de volta" e fiquei imaginando quantas milhares de pessoas procuram esses serviços. Que tipo de loucura leva uma pessoa a querer atar alguém a si própria sem que a outra assim o consinta? Que solidão é essa que nos escraviza emocionalmente? Em que poço de dor profunda temos que mergulhar para nos curar e conseguirmos amar verdadeiramente?

Amor é liberdade.

Me peguei triste ao imaginar alguém implorando amor pr'aquele número de telefone do cartaz. É uma dor física essa de ser preterida, de ser deixada, de não ser desejada. Dá pra entender que, na nossa incapacidade de lidar com a dor, buscamos qualquer coisa que prometa nos livrar dela. Qualquer coisa.

Nosso ego grita pra ser ouvido.
Nossa mente cria cenários ilusórios, sombrios.
Nossa pele... ah, nossa pele.

Eu não sei que feitiço foi esse que você me jogou. Mas pegou.