domingo, 26 de maio de 2013

aventura

Que grande aventura é a maternidade! Eu, que amo viajar, comparo esta espera à preparação de uma viagem para um destino longínquo. Muitas expectativas boas, mas muitas inseguranças. Você lê tudo a respeito do lugar, pega dicas com quem já foi, mas as incertezas permanecem, porque a experiência de cada um é única. Você coloca na mala um monte de coisas que depois acaba por não usar. Planeja rotas que desviam e paradas que não faz. Conhece estranhos que fazem algo dar muito certo naquele dia em que você estava sozinha esperando o ônibus (errado) debaixo de chuva. Conhece a todo instante pessoas que te mostram novos caminhos e que passam a fazer para sempre parte da sua vida.
A maternidade tem sido, até agora, uma grande viagem. Uma revisão. Revejo tudo o que vivi e agradeço.Revejo uma juventude plena, bem aproveitada, rica de experiências em todos os sentidos. Revejo medos que supunha muito bem resolvidos mostrarem suas garras novamente. É hora de encará-los! Revejo conceitos e a necessidade constante de mudar para evoluir junto com esta estrelinha que vem para abrilhantar ainda mais minha vida. Vejo meu corpo e honro o cuidado que até hoje tive com ele, preparando-o para esta jornada. A metamorfose física diária é uma magia, um mistério, uma dádiva. Vejo que esta é a melhor hora da minha existência para partir para esta imensa viagem.
Estou arrumando a mala com toda a dedicação para ter nela tudo o que eu precisar. Sei que vou esquecer algumas coisas, mas é bom pra aprender a improvisar. Deixo de lado mapas e guias e me entrego ao desconhecido, vou pelo caminho da intuição, confiante de que sempre encontrarei pessoas maravilhosas dispostas a nos acompanhar.
Bem vindo, filho.

sábado, 11 de maio de 2013

vida definitiva

Estabilidade é uma ilusão. Não acredito nela, nem a desejo, pois é através do movimento que se atinge o equilibrio. Gosto da vida em movimento e do movimento da vida. Só estou um pouco cansada de sua provisoriedade. Não quero mais uma vida provisória, me sujeitar a algumas coisas só porque "é por pouco tempo". Quanto tempo é pouco tempo? No provisório, pouco tempo pode ser muito tempo - como é meu caso. O tempo da minha provisoriedade expirou. Agora preciso de algo mais "definitivo", se é que se pode chamar assim. Um armário pra guardar roupas de cama cheirosinhas, pés se encostando sob os lençóis todos os dias, um trabalho que eu ame, macarronada na casa da mamma aos domingos, ver as plantas que eu plantei crescerem, comer dos frutos que elas dão, voltar a estudar. Uma vida com alguns horizontes, digamos assim... Aqui o horizonte é maravilhoso e único, mas é limitado, apesar de tão imenso às vistas. Não, não é só a maternidade que me enraiza, já sentia isso antes, mas agora pode ser mais intenso, mais necessário. Novos caminhos, novos rumos. Saudades sempre de tudo o que ainda nem vivi.