sexta-feira, 1 de novembro de 2013

doce novembro

Filho, chegou seu mês. Parecia tão longe que eu achei que não ia chegar. Fiquei inventando um monte de coisas na minha cabeça de que você ia vir antes, que você não ia ser um novembrino... mas estava enganada! Você é um escorpiano mesmo, que em breve estará aqui pequenino nos meus braços. E eu fico imaginando como vai ser a primeira noite com você do lado de fora da minha barriga. Eu acho que vou acordar de supetão sentindo falta de uma parte do meu corpo. Aí vou olhar pro lado e vou te ver ali respirando curtinho do meu lado, puro milagre. Não vai ter mais ninguém com a gente, mas seremos tão grandes!
Sabe filho, eu ando pensando muito em quem eu sou e acho que sua chegada me faz querer ser melhor pra você. Não sei se estou conseguindo, mas estou tentando. E acho que junto com você eu vou conseguir. Tem tanta gente legal te esperando aqui, sabia? Muitas pessoas já te amam sem te conhecer. Você já está, aí de dentro, operando reencontros e transformações. Imagina então quando chegar, quanta luz vai trazer!!
Vem então, cumprir sua missão neste mundo lindo.
Estamos te esperando, minha estrelinha brilhante.

domingo, 29 de setembro de 2013

meninos de boné

Eu não gosto de meninos que usam boné. Aquela imagem americanizada de moleque que nunca cresce me é desagradável aos olhos. Aquele ar de malandro mal resolvido me afasta. Que tipo de homem precisa usar um boné? Por que não um chapéu charmoso, uma boina, um gorro? Boné esconde os olhos, achata os cabelos, encurta a testa. Boné é sintético. É feio!
Pode reparar: meninos que não usam boné são mais especiais.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

dos finais

[porque os meus têm que ser sempre apoteóticos, senão não são finais dignos]

Suely Carvalho me falou de finais não-tradicionais, não precisa ser aquela quebra, corte seco para a próxima cena. Ela falou de possibilidades transitórias, menos impactantes, daquelas que dão tempo de digerir, interiorizar, reafinar o instrumento. Isso me tocou. Gostaria de provar desta calma, mas percebo que todos os meus finais são abruptos, apesar dos meus esforços em fazer diferente. Será possível torná-los suaves e dar-se conta, com serenidade, que é preciso deixar ir (let go)?

Mas nem tudo está perdido, já que na minha crença todo final é um recomeço!

Tô com a alma suspensa: muitos finais ao mesmo tempo para recomeços definitivos. Porque ter um filho é muito definitivo: é materialização pura, é concretizar sua passagem por este planeta.

Eis o que se passa:
final 1: adeus individualidade, agora sou dois;
recomeço 1: sou mãe do Antonio, nunca mais estarei sozinha (pelo menos por um bom tempo).
 
final 2: ideal de família Doriana despedaçado - este final é formado por vários finaizinhos melodramáticos e deve estar perto de seu Gran Finale;
recomeço 2: apenas recomeçar (aaaaai, que preguiçaaaaaa!).

final 3: deixar meu 'lar salgado lar' - este me causa dor e alívio ao mesmo tempo;

recomeço 3: não faço a menor ideia.

É, muitos desafios pela frente, alguém já tinha me avisado. Um pouco ansiosa, confesso, mas confiante. Não sei exatamente em que direção seguir, mas não tenho escolha, senão seguir caminhando. E caminhar com confiança é bem melhor!

domingo, 18 de agosto de 2013

engano

Era pra ter sido assim:

CENA 1 - EXTERIOR/ MANHÃ ENSOLARADA

ELA dirige um buggy. Cabelos ao vento, olhar distraído, vê ELE andando a pé. Encosta o carro.

- Oi, tudo bem? tá indo pra onde?
- Oi, tudo!! To de folga, e tu?
- Entra aí, to indo pra praia do Leão. Quer ir?
- Ah, valeu, tenho um compromisso, não vai dar.
- Beleza, a gente se encontra por aí então...
- Até, aproveita!
- Tchau.

FADE OUT.

domingo, 11 de agosto de 2013

mama africa

Vou te contar uma coisa: o que não me mata, me fortalece. Mas quem disse que eu quero ficar mais forte?? Sou uma fortaleza já, dessas bem fortificadas. Pra quê mais?! Fato é que na vida a gente realmente se coloca numas ciladas e, na hora que vai ver, já tá no labirinto, girando em círculos, procurando a saída, morrendo de tanto sentir. Eu não sinto no conta-gotas, pra mim sempre foi tudo ou nada, ou é ou não é. Então cá estou eu, passando sozinha pela experiência mais assustadora, mais reveladora, mais transformadora de toda minha vida! Nunca imaginei que pudesse ser assim. Honestamente, nunca de fato levei a sério essa coisa de produção independente, sempre idealizei uma tríade como família, já que eu venho de uma tríade muito sólida, muito integra. Como criar um filho sem pai? Eu não sei como é crescer sem pai. O meu é incrível, presente, sempre me apoiou, mesmo silenciando quando não concorda com minhas decisões. Sempre se interessou por mim, pelas mínimas coisas que faço, que sinto, mesmo usando minha mãe como interlocutora. Meu pai me admira e me respeita, mesmo me achando "alternativa demais" às vezes. Meu pai me escuta. Meu pai é pai e minha mãe é mãe. E eu não sei como conciliar dois papéis em um, não sei bem como lidar com minhas próprias emoções contraditórias e não quero de jeito nenhum projetá-las no meu filho. Então vou seguindo, tomando consciência e dando passos cautelosos na tentativa de acertar, mas na certeza de que vou escorregar. Em paz e cada dia mais barriguda.

Feliz dia dos pais pra você que é mãe solteira.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

super mulher



Eu já não sabia mais como lidar com uma vida cheia de atribuições. Tive que me exilar numa ilha semi deserta no meio do Atlântico pra deixar de ter 4 empregos, fazer pós graduação, estudar canto, assistir a todos os filmes em cartaz, ir ao supermercado, ser bem cuidada, culta, sociável e namorável...
Não sucedi muito. Foram poucos meses de “experiência do vazio”. Logo comecei a me envolver em trabalhos comunitários, cursos, atividades mil fora o meu trabalho oficial – que eu tinha jurado que era a única coisa que eu ia fazer porque realmente precisava! Então o tempo foi me engolindo, a rotina frenética foi se apaixonando por mim novamente. Aceitei que esta é minha essência, não posso fugir dela. Não deixei de ir à praia, mergulhar, aproveitar a ilha... mas fui acumulando funções, recheando meus dias de compromissos e horários.
Então entra em cena uma barriga. Atualmente com 24 cm. Ela me impôs limites. De repente, cadê minha independência? Onde foi parar minha vontade própria? Cadê minha disposição para enfrentar jornadas de trabalho, estudo, prazer?? Essa história de gravidez é uma insanidade! Eu preciso deixar tudo em ordem pra quando meu filho chegar!!!! Estar saudável e cuidar para que ele esteja, praticar yoga, cozinhar e comer bem, ganhar e guardar dinheiro, fazer um caderninho de memórias para ele, pensar em como será o parto, onde, quando e com quem, concluir trabalhos e realizar repasses e treinamentos, lidar com o fim de um relacionamento no meio deste turbilhão emocional, cuidar da relação com meu pai, ter paciência com a imbecil que tirou 15 dias de atestado médico no trabalho, organizar chás de fraldas e ter um enxoval mínimo para receber o pequeno, cortar o cabelo, a unha, ser blogueira, conciliadora, versátil, magra e... louca??? chegaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Cansei de ser super mulher.  Não quero. Não preciso.
Mas não sei como ser diferente.
#levedesespero

domingo, 4 de agosto de 2013

tudo tão rápido

Eis que, de repente, 25 semanas. Isso quer dizer: pausa para nada. A vida corre desenfreada, mais do que antes. Já passei da metade do caminho e... tantas coisas para fazer! Acordo e adormeço querendo sorver cada segundo desta maravilhosa experiência, cada milímetro desta barriga, cada movimento deste pequeno ser que cresce dentro de mim, graças a mim, cresce comigo. Me preparo para recebê-lo com tudo que há de melhor em mim. Me dedico a orar com ele, falar com ele, cantar pra ele, desenhar pra ele, escrever pra ele. Me sinto bonita por ele e para ele. Quero que ele tenha uma mãe bonita. Sorrio mais por ele, tento relevar a vida por ele. Quero que ele tenha uma mãe bem humorada e leve. E quando ouço seu coração batendo que nem uma alfaia acelerada, não consigo imaginar nada maior do que este milagre. Sinceramente? Tudo inesperado. Nada disso pode sequer ser imaginado ou descrito sem que seja sentido na pele. É pura magia, a natureza dominando seu corpo com toda força. É só confiar e entregar!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

o cravo brigou com a rosa

Desde que me descobri  grávida, todas as manhãs acordo cantando.
"Bom dia começa com alegria!
Bom dia começa com amooooor!
O sol a brilhar, passarinhos a voar,
Bom dia, bom dia, bom diaaaaa!"

A terceira estrofe é sempre mutante: se está chovendo eu substituo por "a chuva a cair, as folhinhas a reluzir", se estou indo trabalhar: "mamãe vai trabalhar, ligeirinha a caminhar"... e assim por diante, ao gosto da inspiração do dia.

Antonio já gosta muito de música, também pudera, está no DNA dos pais... Canto muito o hino de Noronha pra ele também, que acho a coisa mais linda, exaltando as belezas da ilha onde ele foi concebido, celebrando as cores do mar e o céu sempre cheio de estrelas...

E tem uma história lendária da minha infância: eu pedia repetidamente (leia-se r-e-p-e-t-i-d-a-m-e-n-t-e!) uma musiquinha do cravo e da rosa. Teve uma viagem de carro que durou 3 horas e meia, e minha mãe foi cantando até o destino final! Toda vez que terminava, eu dizia: "otaveiz!", e dá-lhe a paciência maternal a repetir indefinidamente, quase chorando, a mesma canção.

O que eu me dei conta noutro dia, enquanto cantava pro Antonio, é que a letra é triste pra caramba: o Cravo briga com a Rosa, os dois ficam chateados e depois o cravo fica doente, MORRE, e a rosa chora!
PORRA!!!!! Que desgraça...

Então lá fui eu, inventar uma nova versão:

"O cravo beijou a rosa
Debaixo de uma sacada 
O cravo saiu brilhante
E a rosa apaixonada

O cravo ficou doente
A rosa foi visitar
O cravo ficou contente
E agora vão se casar"


É isso, filho: só desejo alegria e finais felizes pra você!!

domingo, 14 de julho de 2013

velhos escritos

Ler emails antigos é como abrir aquele baú cheio de memórias, é uma alucinante viagem ao passado, recriando cenas, cores, sorrisos e lágrimas. Lembrei de pessoas de quem já havia esquecido - e decidi que quero retomar contato com algumas delas. Percebi que umas passaram, mas que sempre houve alguma troca válida nessa passagem. Senti que outras nunca vão passar, por mais passado que sejam. Li sobre momentos difíceis, dores de amor nem se fala, sarcasmo e ironia fina, mil projetos começados, outros tantos realizados, outros mil que ficaram só na ideia mesmo. Velhos escritos me atualizam, me despertam pras coisas que empreendi com brilho, garra e amor. Quero sentir isso de novo e agora de forma mais inteira, não por simples experimento, mas por convicção. Agora que sou dois para sempre.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

nunca entendi tão pouco de tudo

...faz hooooras que estou com essa página aberta esperando as letras surgirem magicamente, um download divino baixar e que dele nasça um texto inspirado e publicável. Mas ele não vem! Talvez seja mesmo o momento de admitir como me sinto confusa, atordoada, esquecida, frágil, impaciente, faminta, sonolenta, solitária... grávida?! sim, talvez seja mesmo o momento de admitir como me sinto grávida, com tudo o que isso traz de maravilhoso e de... esquisito?

Fico aqui imaginando que nove meses é pouquíssimo tempo pra se preparar pra tudo isso que está por vir. A sensação é de que nunca estarei pronta. Claro, a graça toda está na surpresa, nas descobertas, nos aprendizados gigantes, nas mudanças - isso é o que sinto. Mas a mente não dá tréguas: custava a gente poder desvendar um pouquinho desse mistério antes dele acontecer? É tanta ansiedade, um sem fim de incertezas, expectativas, um tanto de querer fazer planos, dividir tudo o que se passa. E ao mesmo tempo, um silêncio, uma necessidade de estar quieta, aproveitando cada segundo, cada movimento, cada sensação nova... ufa, sei lá. Nunca entendi tão pouco de tudo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

só escrevendo pra cuspir esse nó.
nó que só ata garganta e coração,
que não desata emoção.

nó que agora deveria ser laço de união.
é só um nó que não se afrouxa na escuridão.

que nó que dá na minha mente estar só com este nó que não quer desatar.
que nó na garganta não saber quanto só vou estar - pra sempre ou nunca mais?

melhor só sem nó?
melhor só, sem dó.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

cha-cha-changes!

Em tempo de tantas reviravoltas sociais, chacoalhões políticos, tormentas populares, não me deixo tomar pelo entusiasmo excessivo, pela onda de otimismo de que amanhã vamos acordar num novo Brasil. Fico desconfiada, conheço meu galinheiro: sei que somos capazes de nos esvaziar com a mesma intensidade, rapidez e fulgor com que nos inflamamos. Somos um povo passional, apaixonado, apaixonante com tudo o que isso tem de bom e de ruim. De qualquer forma, estou feliz e orgulhosa por este levante. Independentemente de seus resultados concretos, já cumpriu um efeito simbólico muito importante. As crianças, por exemplo, estão vivenciando plenamente um processo de cidadania e, com fé, orquestrarão uma geração mais consciente, menos apática do que a nossa. É assim que ocorrem as mudanças, p-a-u-l-a-t-i-n-a-m-e-n-t-e. São questões culturais muito profundas que devem ser revistas e mudadas. Isso leva tempo. E amadurecimento. Confesso que hoje, cantando o hino nacional em coro, grávida de quatro meses, me arrepiei de verdade por um par de vezes. Os cabelinhos dos braços chegaram a se ouriçar e os olhos ficaram mareados. Senti a energia da coletividade pulsando, as pessoas realmente vendo sentido naquilo que estavam fazendo. Não éramos poucos, nem muitos, éramos apenas o número exato para aquele momento. E não há melhor sensação de plenitude do que a sensação de paz e suficiência.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

hora de acordar


Liguei pra te contar do perfume dos jasmins em flor. E falar das frutas da estação. E do banho de chuva que pensei em tomar (com você). Desta vez, não quis me preocupar com julgamentos à minha verdade, sendo contigo apenas eu mesma. Queria falar a sua língua, para que entendesses cada sílaba de mim. Tive, por um breve e ilusório instante, a certeza de que minha transparência serviria para te fazer compreender que cada ato meu foi mais uma tentativa de aproximação de mim mesma. E logo de ti.
Queria me sentir livre na sua presença - porque ainda me sinto uma estranha quando não estás. Torci para que cada palavra minha fosse um sentimento bom, e que cada sentimento se transmutasse em compaixão. E que eu pudesse apenas sorrir quando você diz o que nem sabe que está dizendo. Queria que essas lágrimas tolas parassem de insistir, me sinto ingrata por chorar em um momento tão abençoado. E que apenas as boas lembranças povoassem minha mente. Que refletida na minha íris cor de mel, eu pudesse ver seu olhar apaixonado e inocente de um dia. Queria que eu fosse a linha, e você o linho, pra sua vida bordar na minha. E fosse reaparecendo aos poucos nosso amor.
Sonho acabou, é hora de acordar.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

mulher

Não há outro caminho de entrada no mundo que não seja pelo corpo da mulher. A mulher é o portal para o universo. Ela é também o ventre do Ser. Cada pessoa no mundo começou a vida como um traço minúsculo nas profundezas da mãe cujo ventre é o espaço onde esse traço se expande e se abre para assumir a forma humana. Em termos de futura identidade e destino de uma pessoa caminhando pelo mundo, este é o tempo de máxima formação e influência. No encontro humano, nada chega a ser mais próximo do que isso; nunca dois seres poderão estar mais perto como quando um está se formando nas profundezas do outro. Naturalmente a relação é imensamente desequilibrada: um é uma pessoa completa, o outro é minúsculo, apenas começando sua jornada rumo à identidade absorvendo vida da mãe. Porém, na noite do corpo materno, cada um está desesperadamente aberto ao outro. Homem nenhum chega mais perto de uma mulher. Mulher nenhuma chega mais perto de outra mulher. Esse intricado nutrir e desabrochar de identidade se dá debaixo da luz no subconsciente físico de seu corpo. A mãe não vê nada. A jornada é inteiramente às escuras. É a mais longa jornada humana do invisível ao visível. De cada via interna, o labirinto de seu corpo aporta um fluxo de vida para formar e liberar esse peregrino interno. Imagine os incríveis eventos que vão chegando para formar o embrião: de como cada partícula de crescimento equivale à formação de um mundo oriundo de fragmentos.
[John O´Donohue]

domingo, 2 de junho de 2013

Oração da Serenidade


Concedei-me, Senhor, a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. CORAGEM para modificar aquelas que posso e SABEDORIA para distinguir umas das outras.

domingo, 26 de maio de 2013

aventura

Que grande aventura é a maternidade! Eu, que amo viajar, comparo esta espera à preparação de uma viagem para um destino longínquo. Muitas expectativas boas, mas muitas inseguranças. Você lê tudo a respeito do lugar, pega dicas com quem já foi, mas as incertezas permanecem, porque a experiência de cada um é única. Você coloca na mala um monte de coisas que depois acaba por não usar. Planeja rotas que desviam e paradas que não faz. Conhece estranhos que fazem algo dar muito certo naquele dia em que você estava sozinha esperando o ônibus (errado) debaixo de chuva. Conhece a todo instante pessoas que te mostram novos caminhos e que passam a fazer para sempre parte da sua vida.
A maternidade tem sido, até agora, uma grande viagem. Uma revisão. Revejo tudo o que vivi e agradeço.Revejo uma juventude plena, bem aproveitada, rica de experiências em todos os sentidos. Revejo medos que supunha muito bem resolvidos mostrarem suas garras novamente. É hora de encará-los! Revejo conceitos e a necessidade constante de mudar para evoluir junto com esta estrelinha que vem para abrilhantar ainda mais minha vida. Vejo meu corpo e honro o cuidado que até hoje tive com ele, preparando-o para esta jornada. A metamorfose física diária é uma magia, um mistério, uma dádiva. Vejo que esta é a melhor hora da minha existência para partir para esta imensa viagem.
Estou arrumando a mala com toda a dedicação para ter nela tudo o que eu precisar. Sei que vou esquecer algumas coisas, mas é bom pra aprender a improvisar. Deixo de lado mapas e guias e me entrego ao desconhecido, vou pelo caminho da intuição, confiante de que sempre encontrarei pessoas maravilhosas dispostas a nos acompanhar.
Bem vindo, filho.

sábado, 11 de maio de 2013

vida definitiva

Estabilidade é uma ilusão. Não acredito nela, nem a desejo, pois é através do movimento que se atinge o equilibrio. Gosto da vida em movimento e do movimento da vida. Só estou um pouco cansada de sua provisoriedade. Não quero mais uma vida provisória, me sujeitar a algumas coisas só porque "é por pouco tempo". Quanto tempo é pouco tempo? No provisório, pouco tempo pode ser muito tempo - como é meu caso. O tempo da minha provisoriedade expirou. Agora preciso de algo mais "definitivo", se é que se pode chamar assim. Um armário pra guardar roupas de cama cheirosinhas, pés se encostando sob os lençóis todos os dias, um trabalho que eu ame, macarronada na casa da mamma aos domingos, ver as plantas que eu plantei crescerem, comer dos frutos que elas dão, voltar a estudar. Uma vida com alguns horizontes, digamos assim... Aqui o horizonte é maravilhoso e único, mas é limitado, apesar de tão imenso às vistas. Não, não é só a maternidade que me enraiza, já sentia isso antes, mas agora pode ser mais intenso, mais necessário. Novos caminhos, novos rumos. Saudades sempre de tudo o que ainda nem vivi.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

ligeiramente grávida

Sobre o que vou escrever depois de tanto tempo longe dessas linhas?
O que posso dizer das preparações invisíveis para este momento...? O que dizer deste momento?
...
Quando me olho no espelho, apesar dos 31 anos bem vividos, acho que ainda sou uma criança. Não sei nada da vida, não tenho respostas nem pra mim mesma, cada hora quero uma coisa, estou sempre à espera do tufão que vai me arrebatar, que vai gerar a mudança.
Desta vez o tufão chegou, mas eu ainda não sinto toda sua intensidade... Isso me faz pensar (um pouco aterrorizada) que não estou pronta para ser mãe. Mas será que existe o momento de "estar pronta" para ser mãe? Essa coisa toda aconteceu tão inesperadamente e, de repente, se tornou o elemento central da minha vida com uma rapidez avassaladora... nem eu mesma sei mais que lugar ocupo na minha vida. As pessoas agora me encontram e não me perguntam mais: "tudo bem?".
Perguntam: "como vai o bebê?".
Respondo simpática: "ESTAMOS ótimos, obrigada...!".
Mas eu sei lá como está o bebê??? Ele ainda tem o tamanho de um grão de bico, ele deve estar bem, suponho. Se eu estou bem, ele está bem, não?!
Outra coisa é o assunto central de todas as conversas agora ser sobre grávidas e gravidez. Gente, eu estou grávida, mas não sei falar só disso, tá??? Aliás, por enquanto sei falar bem pouco disso... Tô ótima, não tô enjoando, não tenho desejos e... vamos mudar de assunto?! :)

A verdade é tudo isso é mentira. Eu queria poder conversar com outras grávidas, isso sim. Queria poder segurar na mão do meu marido e dividir com ele as impressões novas de cada momento... quero a minha maããããe, e minha dinda e todas as mulheres do mundo!!!! Aqui isolada, pouca terra e muito mar, parece que a solidão se multiplica por mil. Aí fico querendo fugir do que não consigo controlar, principalmente dessa sensação de não saber nada... eu queria era conversar sobre isso 100% do tempo, só falar disso, só pensar nisso, só ler sobre isso... mas acho que pra me proteger, acabo disfarçando. Ainda tenho uns dias: por enquanto a barriguinha ainda não tá aparecendo com aquela volúpia toda, então eu posso continuar fingindo que estou só ligeriamente grávida.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

coragem

O susto é tamanho que o suspiro não cessa. Certo é que já me acostumei a viver de incertezas, esperas, imprevisibilidade, mas esta é grande demais. É tão grande que quase não cabe em mim, fazendo meu corpo explodir para todos os lados, colocando o coração pra fora da boca demasiado. O que fazer na urgência? Há tantas coisas que eu desejo fazer antes que se cumpra esta etapa... mas o tempo é senhor das coisas e a vida é soberana. E os aprendizados já são tantos que parece que não andei nada até hoje. Sei que não estou só. Muito apoio há de vir, muito carinho surge de onde menos se espera... mas é só dentro de mim que está, só eu posso emancipar esta existência.
Sinto-me responsável como nunca, apavorada como nunca, corajosa como sempre.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Babanam Kevalam

Hoje me dei conta, novamente, de como os hologramas são poderosos. Me deu uma saudade do Visão Futuro, onde as percepções começaram a se abrir, onde conheci tantas pessoas que vivem suas vidas de maneira diferente, que realmente são motores de transformação, exemplos de fé, de amor, de união.
Um dia, não muito distante, desejei viver em comunidade. Não sabia muito bem como, por onde começar, que trilha seguir – e nem imaginava que isso de fato pudesse acontecer na minha vida. E por caminhos tortos, realizei este desejo sem nem mesmo perceber. Silenciada na minha solitude, almoçando o que plantei e colhi, captei a simplicidade e o merecimento de estar vivendo esta grandiosidade. Honrei minha coragem, minhas escolhas, minhas dores todas – que não foram poucas. Respeito as ondas da vida. Degrau por degrau, aceito que sou boa e má, generosa e apegada, sorridente e melancólica. Hoje eu não sei muito bem por onde começar, mas daqui a alguns anos tenho certeza de que vou olhar pra trás e comprovar que realizei meus desejos mais profundos, sem nem perceber.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

balanço

Em 2012, ganhei um balanço embaixo de um Mulungu. Tomei divinos banhos de mar, ganhei um amor com cachinhos de anjo embrulhado pra presente. Me dei umas quantas viagens: India, Inglaterra, Itália... Ninguém que eu amo teve doença grave nem sofrimentos profundos, ninguém que eu amo morreu (nem de morte morrida, nem de morte figurada) - e também não consegui "matar" quem eu não gosto muito... mas tudo bem, 2013 tá aí pra perdoar!!

Fui eu quem deu muito trabalho em 2012. Achei que não ia sobreviver a este ano. Houve dias tão amargos, tão azedos, tão cinzas que eu quase acreditei que era o fim do mundo chegando. Mas o santo é forte, a ajuda vem de todos os lados, e quando você menos espera, acorda com o céu azul. 
Agora, não sei o que me espera. Contrariando todas as tradições, não fiz listinha de desejos, não usei calcinha nova, não pulei sete ondinhas, não fiquei muito doida nem amanheci o dia na praia empanada de areia. 
Só pedi um ano mais tranquilo. 
Não sei o que me espera, mas tenho certeza de que será melhor do que o foi.