segunda-feira, 30 de março de 2009

Deus, um sinal e o amor que não cessa

Há alguns dias tive um lero com Deus. Foi daqueles bem francos e íntimos, no escuro, sozinha, como manda a música do Gil. Deitada na minha cama, afundei meu corpo na maciez dos lençóis, respirei fundo algumas vezes e pedi um sinal. Quase que instantaneamente, uma hora depois ou algo assim, recebi o tal sinal, claro como água. Me emocionei um tanto que achei que não fosse capaz. Fiquei tão tocada, não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Não paravam de cair as lágrimas que achei que já tivessem secado. Sem saber o que fazer com aquela informação, comecei a me sentir confusa, desorientada. Por alguns minutos, fiquei brava com Deus, revoltada. Estive a um passo de fazer qualquer coisa, sair de pijama, pegar o carro, cruzar a Heitor Penteado, estacionar na João Moura, procurar a tua boca no meio de toda gente. Mas aos poucos, a brisa soprou, o coração acalmou. Deus, um cara tão ocupado, atendeu prontamente ao meu pedido! E foi absolutamente claro! Veio então, com toda força, o amor. Aquele que não dá pra abafar, pra esconder, pra apunhalar. Não, não é permitido fazer isso com o amor. Todo ele, que eu não sei mais pra onde canalizar, veio naquele momento ensandecido. E entendi que não sou mais a mesma. Não simplesmente porque a cada dia que passa eu me renovo, mas porque uma grande parte daquela que eu era, você levou embora. Como uma filha bastarda, essa parte que você levou e depois não quis mais, agora vaga perdida em algum trecho entre as flores da Dr. Arnaldo e a igreja da Consolação. Preciso me redescobrir nova, novas músicas, novos livros, novos jeitos de ver o mundo, de me relacionar com as pessoas. Um novo jeito de cozinhar, de acordar, de fazer amor. E esse amor, que não cessa, preciso dar um jeito nele.

3 comentários:

Juli disse...

boa!
porque de amargo, só o café!

Diana Assennato Botello disse...

Adorei. Essa descoberta foi realmente epifânica. Na verdade a saudade e a dor do amor é tão egoísta quanto o próprio "não-querer", não acha?
Sentimos falta dele, daquilo, da relação... mas também de quem nós éramos naquele tempo. Talvez até uma certa raiva, desânimo e preguiça de buscar essa filha bastarda que anda por aí. Mas essa... meu amor, se jogará de uma ponte, assim que o mofo secar e o teu sorriso voltar a iluminar os lugares como fazia antes dele. A bastarda, que dramatica e teatralmente se jogará de uma ponte bem alta (a estaiada, quiçá?) não chegará nem a bater nas podres águas. O pulo já é a morte, e a possibilidade de recomeço.
Posso te ajudar a empurrá-la?

Anônimo disse...

O amor não cessa porque voce é o proprio Amor.
Talvez devesse ouvir melhor o sinal. Prestar bastante atenção.
Talvez,quem sabe, o recado é outro diferente daquilo que voce gostaria que fosse.