terça-feira, 6 de outubro de 2009

pitangas

Eu ando pela rua prestando atenção. Nas pessoas, no vento, na pouca poesia que o cinza nos oferece. Recorto o céu entre franjas de prédios, tento achar o horizonte que não há. Muitas vezes, absorta na música minha de cada dia, meu pão. Mas eu presto atenção. E no domingo, andando por aí, por aqui, por lá, vi o chão tingido de vermelho-alaranjado. E senti o cheiro daquele chiclete azedinho que comíamos quando criança. Na primeira, pisei firme e segui. Na segunda arvinha, reparei. Na terceira, parei. Parei em frente à pitangueira, pequenina mas robusta, subi no canteiro e me pus a catar pitangas. Senti a pungência de olhares constrangidos dos que esperavam o farol abrir, dos que se esforçavam pra não rir do mico daquela louca trepada no canteiro catando pitangas em plena Avenida Paulista.

Mas, meus caros, quantos em São Paulo ainda têm o privilégio de catar pitangas na rua em que nasceram?!?

3 comentários:

Anônimo disse...

Voce nasceu na av. Paulista?
Acho que voce deve realmente ser uma privilegiada:se as pitangas estivessem fora do centro .... mas na Paulista !!!!
Pense que bom ter um novo olhar para tudos e todos. Afinal foi esse seu olhar que permitiu que voce enxergasse a pura singeleza dessa frutinha tão especial.

Beta disse...

precisamente: paulistana da gema!
:)

Ju Borges disse...

Nossa, que engraçado. Eu roubei pitanga de um pé da minha rua outro dia (pinheiros!) e meu pensamento foi láaaa longe pensando em quantas pessoas em SP devem estar cientes de que agora é época de pitangas ou que dia é a lua cheia. Pouquíssimas! A agora aparece esse texto sobre pitangas. :)