segunda-feira, 9 de abril de 2012

indigo

Cara, nao da pra escrever sobre tudo... nem que eu quisesse, eu conseguiria. Porque cada acontecimento, cada pausa, cada encontro eh uma historia de varios capitulos!! Eh geralmente assim em viagens, mas garanto que aqui eh imbativel.
Eu sei que depois de almocar na casa da Bharti com toda a familia dela (so este almoco mereceria um capitulo a parte), e ouvir historias de vida de uma moca rebelde de uma familia tradicional indiana (outro capitulo), eu peguei um trem para Jodhpur. Trem este que quase perdi, pois percebi que estava sem agua e nao ia ser legal encarar uma viagem de 6h sem agua potavel. Entao tive a brilhante ideia de descer rapidinho do trem, que comecou a se mover enquanto eu recebia o troco pela garrafa de agua que tinha acabado de comprar. Obviamente, o troco ficou no balcao, ou caiu no chao, ou sei la, ja que eu sai correndo pra pular no trem ja em movimento. Mais legal do que encarar 6h de viagem sem agua, seria o trem partir com a minha mochila la dentro, ne?? Putz, quase tive um treco, mas deu certo. Onus de viajar sozinha...
As 6h de viagem transcorreram tranquilas, comunicacao super fluindo com uma simpatica familia que nao falava sequer uma palavra de ingles... mas a gente se entendeu (na proxima encarnacao, ja combinei que vou voltar para aprender, no minimo, 10 idiomas - incluindo hindi). Sorte que no compartimento tambem estava um senhor que falava um pouco de ingles e, as vezes, traduzia coisas de suma importancia, por exemplo quando a senhora (mais velha) fez as duas perguntas classicas: 1."voce esta viajando sozinha?", 2."Voce nao eh casada???". Caraca, eu nao sou casada!!! Mas, desta vez, eu resolvi dizer que era, e que meu marido teve que desistir da viagem de ultima hora por motivos de trabalho. "ahhhh!", ufa! Todos fizeram uma cara de alivio por eu ser casada! Ate eu fiquei mais confiante, ehehehe... mentirinha inofensiva que amainou o choque cultural.
Enfim, 6h depois: Jodhpur, a cidade azul. A cidade dos tecidos e das especiarias - Carol, voce ia se deliciar aqui com tantos pozinhos e sementinhas magicas pra colocar na comida!!!!! Peguei um rickshaw ate o Haveli que escolhi no LP. To ficando esperta nesse negocio de motorista de rickshaw: eles pedem 100, no fim voce paga 60 e tem que ficar o caminho inteiro repetindo pra onde voce quer ir, senao eles te levam pra outro canto.
Cheguei na guest house quase onze da noite. Uma graca de lugar, toda colorida, decorada com flores e moveis antigos, cheirando a incenso e com lustres de mosaico. Feliz pela escolha acertada, dou de cara com o dono, que estava na recepcao todo descabelado, cambaleante, com calcas molhadas, tipo quase que completamente bebado.
OK. Saio correndo ou dou risada???
Comecei a dar muita risada. Ele mandou trazer uma Heineken pra mim "on the house" - ele disse, "por conta da casa". Bonus de viajar sozinha! Falamos do Brasil, sobre o fato dele estar bebado, a esposa dele apareceu (sobria) e ele nos apresentou. Ela sorriu pra mim e se foi. Ai ele disse: "Desculpe, nao vou poder te acompanhar ate o quarto, porque ontem cai da escada e tou todo fodido! Pois eh... eu desobedeci meu guru, ele mandou eu parar de beber, mas eu bebi, entao cai. Eh pra eu aprender...", concluiu com uma cara de bebado arrependido. Subi para o quarto e abri a cortina; a vista era incrivel!!!! Apesar da escuridao, eu podia ver que o Haveli ficava exatamente embaixo do Forte de Mehrangarh, o principal momumento da cidade. Incrivel, sensacional, o negocio parecia uma pintura bem em cima da minha cabeca!! Fui ate a laje, a lua brilhava linda sobre as casinhas da cidade indigo e iluminava o Forte, imponente como um gigante.
Cenario alucinante que mereceu mais uma Heineken. Cheers!

3 comentários:

Leticia disse...

:D

Luiz disse...

Beta, depois de ler seus relatos cheguei a uma conclusão: sou teu fã!
Beijo do tamanho da Índia!

Beta disse...

Luiz querido... sua fa sou eu! Quando eu crescer, quero ter um trabalho que nem o seu...
beijocas daqui