quarta-feira, 1 de abril de 2009

tirei a chave do bumba

Gente: um barraco! No ponto de ônibus, todo mundo olhando. Aquela situação de pernas tremendo, ela descontrolada gritando: "Me fala teu nome compleeeeto agoooora!!!". Tudo porque, enquanto ela guardava o troco e apanhava o bilhete único para validar, o cobrador/motorista do Vila Monumento, um micro ônibus que faz o trajeto Ipiranga-Vila Madá, liberou a catraca. "Mas moço, eu preciso pegar outro ônibus agora...". "Problema seu", foi o que ele respondeu. COMO É QUE É??? PROBLEMA MEU??? E completou, sorrindo: "Agora já era, se vira. Você devia ter avisado antes que ia passar o cartão...". Então ela, debruçada sobre a barra que divide o motorista/cobrador dos passageiros, perguntou: "Qual seu nome?". Manuel. Manuel era o nome dele. "O seu nome completo, por favor". "Não vou falar meu nome, não. Pra quê?", retruca. "Porque eu vou fazer uma reclamação do senhor, isso é uma falta de respeito!", já alterando um pouco o tom de voz.
Ele teimava em não querer falar seu nome completo (quem não deve, não teme, diz a minha mãe) enquanto o ônibus se aproximava do ponto em que ela precisava descer. "Qual o teu nome? Me fala?". Parou no ponto. Outros passageiros entravam e tentavam validar seus bilhetes esbarrando nela, que bloqueava a passagem. Ela, aquela moça insistente com cara de brava e riquinha metida a andar de ônibus, insistia em querer saber o nome do motorista/cobrador. O negócio começou a esquentar. Furiosa, ela tentou verificar se o motorista portava um crachá de identificação no pescoço. Nada. Abriu o caixa em busca de uma identificação, era questão de honra resolver aquilo ali mesmo. O motorista, também aos gritos: "Não mexe em mim!!". Sem hesitar, ela enfiou a mão no contato e girou a chave, desligando o motor. Arrancou a chave do contato.

"VAI OU NÃO VAI ME FALAR TEU NOME??" perguntou derradeira.

(entrada da coadjuvante, tirando o ipod do ouvido).
"Moça, pelo amor de Deus, todo mundo tem que ir trabalhar. O que é que está acontecendo? Fala direito com ele...".
"Fala direito???? Fala direito, como? Se foi ele quem me faltou com o respeito? (Curiosos do ponto se adensam em volta da porta do ônibus). Isso é uma falta de civilidade! Ele liberou a catraca e quando eu disse que precisava passar o cartão, ele me disse que era problema meu, que eu que me virasse! Eu estou perguntando o nome dele para fazer uma reclamação e ele não quer me falar!!", gritou.
"Vai até o ponto final e conversa com o fiscal lá", sugeriu outra coadjuvante.
(a primeira coadjuvante faz cara de compreensiva).
Com a chave, rapidamente recuperada das mãos trêmulas da garota, o motorista se apressou em ligar o motor. Antes do veículo entrar em movimento, mais um desabafo: "Deixa eu descer dessa merdaaaaaaa!", foi o último grito que se ouviu naquela manhã, em frente ao açougue.

Logo o outro ônibus chegou.
Ela pagou novamente pela viagem e foi trabalhar.

Galera, eu tirei a chave do bumba!

Um comentário:

Th disse...

GENIAL!!!!

hahaha, ri muito! Obrigada!