terça-feira, 25 de setembro de 2018

inferno astral

À beira dos 37 muito bem vividos, me emociono ao perceber como ainda me deixo ser tocada pela vida. Sigo mais suscetível do que nunca e choro as dores do outro, que são as minhas próprias. Não quero nem vou mudar isso. Manter-me permeável num mundo blindado é resistência. Manter-me sensível e disposta neste contexto acirrado é amor. Manter-me atenta ao entorno é conexão. Resistência, amor e conexão: o que mais desejar para um novo ciclo?

Neste fim de semana de emoções atropeladas, pensei um pouquinho em você - fazia tempo que você não aparecia por aqui. Pensei que talvez sejamos mais parecidos do que eu gostaria. Pensei que talvez você vote no coiso e isso imediatamente me fez espanar as poucas memórias agradáveis que ainda guardo da gente. Mas fui além e me perguntei: quanto do "coiso" existe dentro de cada um de nós que não queremos ver? Quanto de louco, radical, preconceituoso, feio, bizarro, escroto, mau, incoerente, nojento existe em você? E foi então que percebi também o quanto de você há em mim. Você que só critica e julga. Talvez por isso doa tanto te ver assim de frente.

Tudo que é perturbador é também revelador.

Talvez o segredo seja olhar no espelho e aceitar o que vier. Até o auto-engano.


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