sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

blur

As noites têm sido curtas, os dias longos e cheios. Poucas horas de sono, muito trabalho. Eu costumo enfiar a cara no trabalho depois de uma desilusão amorosa. É um jeito produtivo de se distrair. Dei sorte: mal tenho tempo pra tomar banho. Hoje fiquei com vontade de saber como você está. Lembrei do dia em que me disse: "Você vai ver, amor, as coisas vão se abrir pra nós ao mesmo tempo e vamos poder curtir juntos, vai dar tudo certo". Queria saber se as coisas tão dando certo pra você como estão dando pra mim. Você não deve estar muito interessado, mas estou feliz. Fase boa da vida, finalmente tranquila. Sei que você "torce muito por mim" - foi o que me disse da última vez que nos falamos, então de qualquer forma achei que ficaria feliz em saber que estou bem. Todas as manhãs converso longamente com Deus e isso me mantém elevada. Sigo me emocionando muito com a imprevisibilidade da vida e ando muito impressionada com minha intuição. Coração ainda meio tropego, será esta uma característica dele? Mas enfim, já vivemos juntos há 36 anos, temos aquela intimidade que reconhece até o ritmo da respiração do outro, então no fundo é pura conexão. Esbarrei num cara de coração puro como o meu que tem o melhor abraço do mundo e a sensibilidade de poucos homens. Acho que estou me apaixonando por ele, mas quando ainda me pego chorando pelas nossas memórias, fico na dúvida se sou tola ou imbecil. É um misto de raiva e pena de mim mesma. Sei que já estou quase na reta final dessa insana caminhada que é te esquecer. Aos poucos, sua fotografia vai ficando embaçada. Num dia acordo e me dou conta de que esqueci o formato dos seus olhos. Aos poucos, você se esvai.
Um borrão.
Blur: algo que não posso ver claramente.
Ou talvez, nunca pude.


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