quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

refém

Estou muito abalada.

Sofri um sequestro.

Relâmpago - mas anunciado.

Virei refém da minha intensidade, prisioneira das minhas palavras. Cai na minha própria armadilha, tropecei nos meus passos meticulosamente calculados.

Durante o sequestro, um sem fim de auto-torturas. O tempo parecia não passar, um calor sufocante me tirava o fôlego: não conseguia respirar sua presença. Qual será minha culpa? Por que tanto abandono, medo e arrependimento? Ao longe, podia ouvir Marcelo Camelo cantando uma daquelas letras pseudo-intelectuais. Nem pra ter bom gosto musical, esse sequestrador filho da puta... Me fazer engolir rockinhos modernetes com letras melosas e suicidas era a pior parte, sem dúvida. Breve, muito breve, eu sabia que poderia suspirar da pedra mais alta, mergulhar na transparência com um cardume brilhante de sardinhas e me sentir livre como nunca. Mas agora não. Agora era rezar pra ele (o sequestrador, eu mesma?) ter compaixão. COM PAIXÃO. Por favor, por piedade, eu não quero passar por isso de novo. De novo não! Não quero dor, não quero lágrimas, não quero abandono.

Quero morango com chantilly delivery.
Passos de gigante juntos.
Ternura e cafés da manhã com flores.

É isso que eu quero.

E é isso que eu queria ter te falado, desde sempre.

[ufa]

2 comentários:

Tati Farias disse...

Eu amei o texto e tenho a nítida impressão de que fui eu quem o escrevi tamanha minha identificação.
parabéns!

Beta disse...

muito grata, Tatiane. Continue visitando nossas prosas e deixando suas impressões.
beijos