Já escrevi aqui sobre a loucura (dos outros). É isso: difícil é assumir as próprias loucuras. Trêmula, sou obrigada a reconhecer que não há loucura individual sem loucura coletiva. Não há o invidual sem o coletivo. Não há você sem mim, nem eu sem você. E está faltando este entendimento. Estamos por demais ensimesmados em nossas próprias loucuras. Hoje fui assistir ao espetáculo "Escuro", da Cia Hiato, que escarra na nossa cara que todas as patologias daquelas personagens patéticas estão coladas em nós. A cegueira, a mudez, a limitação da linguagem são parte do nosso cotidiano urbano. Realizamos grandes coisas e cremos que isso nos torna importantes, únicos. Pobres de nós. Grande ilusão: estamos gradualmente perdendo o olhar pro outro, a capacidade de nos relacionarmos com profundidade, o diálogo com o outro.
Este mundo está demais pra mim, evasivo demais, barulhento demais, conexões demais, choro demais, riso demais, lixo demais, trânsito demais, dinheiro demais, televisão demais, miséria demais, loucura demais.
Um comentário:
o seu blog está bonito, ele cresceu.
Postar um comentário