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terça-feira, 3 de setembro de 2013

dos finais

[porque os meus têm que ser sempre apoteóticos, senão não são finais dignos]

Suely Carvalho me falou de finais não-tradicionais, não precisa ser aquela quebra, corte seco para a próxima cena. Ela falou de possibilidades transitórias, menos impactantes, daquelas que dão tempo de digerir, interiorizar, reafinar o instrumento. Isso me tocou. Gostaria de provar desta calma, mas percebo que todos os meus finais são abruptos, apesar dos meus esforços em fazer diferente. Será possível torná-los suaves e dar-se conta, com serenidade, que é preciso deixar ir (let go)?

Mas nem tudo está perdido, já que na minha crença todo final é um recomeço!

Tô com a alma suspensa: muitos finais ao mesmo tempo para recomeços definitivos. Porque ter um filho é muito definitivo: é materialização pura, é concretizar sua passagem por este planeta.

Eis o que se passa:
final 1: adeus individualidade, agora sou dois;
recomeço 1: sou mãe do Antonio, nunca mais estarei sozinha (pelo menos por um bom tempo).
 
final 2: ideal de família Doriana despedaçado - este final é formado por vários finaizinhos melodramáticos e deve estar perto de seu Gran Finale;
recomeço 2: apenas recomeçar (aaaaai, que preguiçaaaaaa!).

final 3: deixar meu 'lar salgado lar' - este me causa dor e alívio ao mesmo tempo;

recomeço 3: não faço a menor ideia.

É, muitos desafios pela frente, alguém já tinha me avisado. Um pouco ansiosa, confesso, mas confiante. Não sei exatamente em que direção seguir, mas não tenho escolha, senão seguir caminhando. E caminhar com confiança é bem melhor!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

nunca entendi tão pouco de tudo

...faz hooooras que estou com essa página aberta esperando as letras surgirem magicamente, um download divino baixar e que dele nasça um texto inspirado e publicável. Mas ele não vem! Talvez seja mesmo o momento de admitir como me sinto confusa, atordoada, esquecida, frágil, impaciente, faminta, sonolenta, solitária... grávida?! sim, talvez seja mesmo o momento de admitir como me sinto grávida, com tudo o que isso traz de maravilhoso e de... esquisito?

Fico aqui imaginando que nove meses é pouquíssimo tempo pra se preparar pra tudo isso que está por vir. A sensação é de que nunca estarei pronta. Claro, a graça toda está na surpresa, nas descobertas, nos aprendizados gigantes, nas mudanças - isso é o que sinto. Mas a mente não dá tréguas: custava a gente poder desvendar um pouquinho desse mistério antes dele acontecer? É tanta ansiedade, um sem fim de incertezas, expectativas, um tanto de querer fazer planos, dividir tudo o que se passa. E ao mesmo tempo, um silêncio, uma necessidade de estar quieta, aproveitando cada segundo, cada movimento, cada sensação nova... ufa, sei lá. Nunca entendi tão pouco de tudo.

domingo, 2 de junho de 2013

Oração da Serenidade


Concedei-me, Senhor, a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. CORAGEM para modificar aquelas que posso e SABEDORIA para distinguir umas das outras.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

ligeiramente grávida

Sobre o que vou escrever depois de tanto tempo longe dessas linhas?
O que posso dizer das preparações invisíveis para este momento...? O que dizer deste momento?
...
Quando me olho no espelho, apesar dos 31 anos bem vividos, acho que ainda sou uma criança. Não sei nada da vida, não tenho respostas nem pra mim mesma, cada hora quero uma coisa, estou sempre à espera do tufão que vai me arrebatar, que vai gerar a mudança.
Desta vez o tufão chegou, mas eu ainda não sinto toda sua intensidade... Isso me faz pensar (um pouco aterrorizada) que não estou pronta para ser mãe. Mas será que existe o momento de "estar pronta" para ser mãe? Essa coisa toda aconteceu tão inesperadamente e, de repente, se tornou o elemento central da minha vida com uma rapidez avassaladora... nem eu mesma sei mais que lugar ocupo na minha vida. As pessoas agora me encontram e não me perguntam mais: "tudo bem?".
Perguntam: "como vai o bebê?".
Respondo simpática: "ESTAMOS ótimos, obrigada...!".
Mas eu sei lá como está o bebê??? Ele ainda tem o tamanho de um grão de bico, ele deve estar bem, suponho. Se eu estou bem, ele está bem, não?!
Outra coisa é o assunto central de todas as conversas agora ser sobre grávidas e gravidez. Gente, eu estou grávida, mas não sei falar só disso, tá??? Aliás, por enquanto sei falar bem pouco disso... Tô ótima, não tô enjoando, não tenho desejos e... vamos mudar de assunto?! :)

A verdade é tudo isso é mentira. Eu queria poder conversar com outras grávidas, isso sim. Queria poder segurar na mão do meu marido e dividir com ele as impressões novas de cada momento... quero a minha maããããe, e minha dinda e todas as mulheres do mundo!!!! Aqui isolada, pouca terra e muito mar, parece que a solidão se multiplica por mil. Aí fico querendo fugir do que não consigo controlar, principalmente dessa sensação de não saber nada... eu queria era conversar sobre isso 100% do tempo, só falar disso, só pensar nisso, só ler sobre isso... mas acho que pra me proteger, acabo disfarçando. Ainda tenho uns dias: por enquanto a barriguinha ainda não tá aparecendo com aquela volúpia toda, então eu posso continuar fingindo que estou só ligeriamente grávida.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

chama-se viagem

Voce pisca os olhos e ja passou. Voce faz tantas coisas, vive experiencias inimaginaveis, conhece pessoas que mudam sua vida, e tudo nao passa de um lapso da sua breve existencia. Chama-se viagem. Eu lembro que, antes de partir, nos encontramos para um cafe numa padaria de uma esquina familiar. Como sempre, voce tirou com a minha cara: "Claro...esta viagem vai mudar a sua vida, voce vai voltar oooutra pessoa", disse com um sorrisinho ironico. Faltou entendimento de que eu mudo todo dia, sou mutante, buscadora, a impermanencia é o que me alimenta. Sou curiosa, atenta e observo cada detalhe, fotografo cores, recorto palavras. Eu sou assim. To ligada na V-I-D-A. Viajar me transforma, pode acreditar.
Lembro tambem que, no dia antes de partir, sempre quero desistir. Me da uma dor de barriga dos infernos, e a sensacao de que nao vai ter ninguem me esperando no aeroporto me enfraquece. Mas depois que eu entro no aviao, viro uma leoa. E na vespera da volta, nunca quero voltar. Sempre acho que poderia ficar uns dias a mais, ou simplesmente ficar.
Na outra noite, minha mae me perguntou por telefone:
"E ai, ja ta de saco cheio da India ou quer ficar mais??".
"De saco cheio da India eu to desde a primeira semana... mas... quero ficar!", respondi.
Vai entender... a India é assim.

Algumas observaçoes inusitadas/uteis/talvez interessantes, porque eu gosto de fazer listas (sempre):
  • Pra que outro sapato?! Tudo o que voce precisa chama-se "HAVAIANAS"! Leve, lavavel, nao da chule, confortavel, é brasileira, barata e ta no pé do mundo inteiro.
  • REALMENTE nao use roupas justas, bermudas, camisetas sem mangas, shorts e saias curtas nem pensar. Isso muda a qualidade da sua relaçao com as pessoas, especialmente se voce for mulher.
  • As vaquinhas soltas nas ruas sao uma gracinha e sagradas pros hindus, mas nao pra voce. Nao se meta a besta com elas, principalmente se forem touros, eles tem chifres.
  • Em 5 minutos, o preço de qualquer item - desde uma corrida de rickshaw ate uma encharpe de seda - pode cair de 2000 pra 10. Sorte de quem sabe barganhar. Nao é o meu caso...
  • Nao pergunte muitos porques. As coisas sao como sao, nosso conceito de "razao" nao se aplica por aqui.
  • A Lei Universal da Fisica de que dois corpos nao ocupam o mesmo lugar no mesmo tempo tambem nao se aplica. Na India, muitos corpos podem ocupar um lugar onde mal caberia um, no mesmo tempo - e por muito tempo!
  • Quando voce acha que todas as bizarrices ja aconteceram, pode se preparar que vem mais por ai.

India. Nunca mais ou até ja. Para sempre.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

pé na estrada

Volto pisando rente aos passos que eu mesma dei pra ir. Não há rastro tão seguro quanto o que eu já tracei. Porque já ousei demais, sim. Essa é minha faísca. Só que agora é diferente: é ousadia equilibrada, é impulso cauteloso. Vida que continua pulsando, mas com maturidade. Na aflição de uma viagem que se promete transformadora, percebo, na verdade, que ela já foi iniciada. Ela é todo este caminho percorrido, já pisado, revisitado agora com passos paralelos, mas nunca sobre as mesmas pegadas. Ela é pra dentro e para fora, ao mesmo tempo, sem ponto de chegada definido. Ela é feita de paisagens jamais monótonas, certamente muitas montanhas a serem atraversadas.
Esta viagem é necessária e inevitável.

domingo, 22 de janeiro de 2012

como faz?

Subject: como?
Date: Thu, 19 Jan 2012 22:01:33 -0200

Ei. Essa coisa de sumir do mapa e ir pra longe...
Como faz?
Tua opção me cativa um bocado.
Ouviria histórias se quiser contar.
Bjo.
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Muitos amigos têm me escrito manifestando vontade de voar.
Deixo aqui um pouco da minha transpiração - que a cada dia se transforma em muita inspiração.

Meu querido,
Sou tão feliz pela minha escolha, que poderia passar a noite aqui te dando motivos para me imitar. Como? Como é muito fácil: arrume uma mala pequena, compre a passagem e parta pra onde o teu coração sugerir, mesmo que você não saiba direito o que está indo fazer lá. Foi assim que eu fiz.
Mas eu sei que não é a este "como" que você se refere. O movimento, ao contrário do que parece, é algo que está dentro de nós, então você só o fará se ele fizer profundo sentido para você. E mesmo que ele faça sentido, não é fácil. Na verdade, eu diria que é difícil pra caramba. É preciso ter muito desprendimento, força de vontade, confiança e alegria pra suportar a distância total da sua zona de conforto. Mas vale à pena, porque se afastando dela, você abre espaço para o novo, um espaço que você nem sabia que existia dentro de você. Se estiver disposto a enfrentar o medo do desconhecido, o medo de baratas, o medo da solidão, será recompensado de maneira absolutamente surpreendente, com um pote dourado dentro do qual estarão todas as ferramentas para a sua FELICIDADE. Se estiver com a mente aberta para aceitar verdadeiramente as diferenças, se tiver tempo para olhar a natureza e diariamente se der conta da efemeridade da vida, será muito menos penoso lidar com as crises existenciais e com as coisas que te desagradam. A vida se tornará mais leve e você, uma pessoa melhor.
Não sei te dizer exatamente "como", não tem receita de bolo. Levei alguns anos para efetivar essa escolha. Fui arando o terreno, regando um pouquinho todos os dias, preparando a retirada e, sobretudo, consultando meu coração, precioso oráculo. Me perguntava se a vontade de partir não era meramente uma fuga. No fundo, não me iludo: acho que todas as partidas são fugas, mas fugir consciente é diferente de fugir por fugir. Então, atenção a este ponto. E se for uma fuga descarada mesmo, que seja bem claro do que você está fugindo, porque pode ter certeza de que vai voltar - mesmo que você more no paraíso.
Ontem ouvi que minha vida é uma "montanha russa". Achei essa imagem bem engraçada. Irônico que, quando criança, eu ia ao playcenter e nunca gostei desse brinquedo que me deixava com enjôo e me dava muito medo - nunca subi em uma. No imaginário coletivo, a montanha russa é um desafio delicioso: todo mundo quer andar nela, pra poder gritar a vontade, extravasar, viver os medos face to face. No fundo, a gente gosta.
Então, depois de tudo isso, se eu puder te dar um conselho: vá andar de montanha russa, passe pelos loopings, frios na barriga, vômitos, frios, suadouros. Passe pela experiência, por todas as possíveis, se possível. Não deixe que as experiências passem, passe você por elas. Depois você vai ter muito mais do que um bocado de histórias pra contar: vai perceber que ainda tem um SEM FIM de descobertas por fazer.
Beijos,
Beta

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

ilhada

Tô. Tô sim. Melancólica até debaixo d'água. Fui mergulhar cinza, esperando voltar azul, mas lá embaixo a melancolia só tem outro peso, outra densidade, outra cor. Ela continua penetrando, viscosa e opaca. O mar estava inquieto, exigiu concentração. Só depois, navegando de volta ao porto, barco feroz rasgando ondas escuras, me deu tempo de pensar em como a felicidade desaba sobre mim com a mesma intensidade que a tristeza. Altíssimos e baixíssimos, diria sabiamente a Gabi. Tô melancólica porque há 4 dias estou absolutamente desconectada do mundo, sem internet, sem telefone, sem a liberdade de poder me comunicar. Pela primeira vez, me sinto literal: estou ilhada. Tô melancólica porque a saudade dos meus amigos está cortante, falta-nos coragem para transpor a distância. Porque sinto falta repentina de cheiros conhecidos, de deitar no meu futon com a Vitória, fechar a porta de casa e deixar o mundo lá fora.

Hoje eu só queria soltar a cabeça no colo da minha mãe e usufruir do melhor cafuné do mundo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

(des)gosto

Escolhi minha profissão de formação com muita calma. Sou privilegiada: fiquei passeando pela Europa e pensando no que fazer da vida. Tive apoio incondicional dos meus pais quando decidi que jornalismo era o que mais se aproximava do que eu amava: comunicação. Estudei com a crème de la crème dos que agora são "formadores de opinião" da sociedade em que vivo. A sala de aula foi importante, claro, mas muita serramalte gelada regava as melhores reflexões que brotavam das aulas do Faro, do Silvio Mieli, da Sandra Rosa. Sinto saudades desta época em que eu ainda acreditava num jornalismo possível. Minha carreira como jornalista foi curta e dolorosa. Curta porque dolorosa e dolorosa porque curta. Foi mais forte do que eu verificar que o jornalismo não era nada do que eu sonhava, era apenas mais um jogo sujo de poder, uma batalha de egos de quem decide o que vai na capa de não sei onde pra prejudicar ou privilegiar fulano ou sicrano. O que me doía era que muitos dos jornalistas que me cercavam não se valiam do verdadeiro poder que têm em mãos, mas se submetiam à chefia, escrevendo matérias enlatadas, sem espaço para reflexão ou crítica. O que me dava desgosto profundo era ver que grande parte dos meus colegas se achava super cool, ligando-se ao status ilusório que esta profissão carrega, cultivando olheiras como troféus. Assim, optei por me afastar completamente do jornalismo. De leitora assídua, hoje posso dizer que mal leio o jornal e, quando leio, me dá dor de estômago. TV então, não assisto há mais de anos... E eu nem sei mais pra onde esse texto tá indo, acho que ele já tem vida própria. Estou falando de uma coisa muito importante e cara para mim e os sentimentos se confundem... a verdade é que eu gostaria de ter sido mais forte e não ter abandonado o jornalismo, mas foi uma opção pela vida. Acho que os que se mantém jornalistas hoje em dia, por idealismo, são comparáveis a professores ou médicos: é por amor ao ser humano, por de fato acreditar que escrever, proferir, registrar algo diferente pode gerar a mudança. Estes são muito mais do que jornalistas: são comunicadores. E isso eu posso dizer com certeza, deixar de ser jornalista foi tão libertador que me tornei uma comunicadora. O gosto amargo de uma mídia corrompida ainda permanece, mas sei que somos muitos do lado de cá, acordando todos os dias para causar no mundo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

germinar

cada um vira um pouco o outro na arte de se encontrar, se entender, se reconhecer. Na dúvida, no experimento, na ousadia, nos movimentos de libertação, na explosão. Cria=se uma identidade na intersecção de sonhos, valores, algo maior que quer nascer e não sabe o que é. Na verdade falamos todos sobre a mesma coisa: amor. 'Não excluir' é a máxima. No nível sutil: ver o invisível, ouvir o inaudível e sentir o que nunca antes foi sentido. Emoção genuina.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

fantástica fábrica de fantasias

são paulo. insalubre. insana. insaciáveis os que a habitam. teatro, boate, cinema, qualquer prazer não satisfaz. me desencontro nessas ruas de incongruências, nessa espontaneidade tão fria e suja, paradoxalmente tão acolhedora e repleta de possibilidades.

me encontro nessas esquinas de loucura.

me inspira andar sobre suas veias, uma quantidade de sangue jorra, dando vida ao que por vezes está quase morto.

sob o vão do masp, muitas cenas felizes: o translúcido nos olhos de curiosos, passantes, mendigos, crianças, todos vidrados no filme de john ford. juntos compartilhando fantasias.

no caminho de volta, já sinto saudades do que não quero mais que me causes.