Cada vez que vejo um vaga-lume volto um pouco à minha infância. Sinto o perfume fresco do bosque de ciprestes na casa da tia Emilia, na Itália. Nas noites de verão, aquele bosque misterioso e imenso para mim, tão pequenina, ficava carpetado de vaga-lumes brilhantes. Apagávamos as luzes para contá-los na escuridão. Era diversão garantida.
O grande evento, porém, era capturar esses pequenos insetos das bundinhas brilhantes e colocá-los dentro de copos virados de cabeça pra baixo sobre a mesa. Então era hora de ir dormir: durante a noite, o vaga-lume do copinho magicamente se transformaria numa moeda de 500 liras, que eu encontraria na manhã segunite, numa felicidade sem fim.
Obviamente eu juntava 20 ou 30 desses pobres bichinhos e pegava todos os copos da casa para dispô-los sobre a mesa do jardim. Alguns fugiam pelas frestas da madeira, e lá ia eu de novo pegá-los para ganhar minha moedinha.
E quando eu ia pra cama, minha insubstituível tia mais querida do mundo - a tia mais perfeita que alguém poderia sonhar ter - caçava todas as moedas disponíveis nas carteiras do meu tio, dos primos, dos amigos que jantavam lá, para que nenhum copo ficasse vazio, e finalmente libertava os pirilampos para continuarem brilhando na noite quente.
Disfarço meu pranto ao me lembrar desses momentos impagáveis - e desejo secretamente voltar a ser criança.
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