Ganhei de presente do Sérgio Guerra, em Luanda, um lindo pôster com um poema do Drummond. Quando me mudei pra rua diana, pendurei-o devidamente emoldurado num canto da sala. Apesar de querer valorizá-lo, acabei por deixá-lo lá, reinando solitário, sem que ninguém o lesse, nem eu mesma.
Esta manhã - na dura batalha com o mamão disfarçado de granola, mel, banana e o que mais der pra eu não sentir seu gosto - me peguei desapercebidamente olhando para a parede e li o poema, uma e outra vez. E mais outra.
Descobri que tenho coisas maravilhosas dentro de casa.
E dentro de mim também.
As sem-razões do amor
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
eu te amo porque te amo.
amor é estado de graça e
com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira,
no eclipse.
amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo,
bastante ou demais a mim
porque amor não se troca,
não se conjuga
nem se ama
porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
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