Um aeroporto é realmente uma fauna, um laboratório de tipos humanos, de amostragens e olhares sobre esta espécie tão diversa. É um ambiente alegre por excelência. Sim, é verdade, despedidas acompanhadas de lágrimas não são incomuns em portões de embarque, mas até essa melancolia é de uma alegria bela. E é um lugar de muita excitação: inevitável a euforia nos olhos dos passageiros, ansiosos por partir e chegar. Desde pequena acho que o avião é uma grande maravilha. Eu partia de São Paulo, comia, dormia, e acordava em Roma, em outro horário, com outro clima e com uma tia querida me esperando. Para mim, aquele acontecimento era mágico. E continua sendo.
Logo se percebe, em um aeroporto, quem é aquele que tem a mala como seu segundo lar, já virou um brother da atendente do café, cumprimenta a vendedora da LaSelva. Evidente também é aquele que está perdido entre os terminais, andando de um lado pro outro feito barata tonta, suando frio com medo de perder a hora e embalando as malas em magipack para não estragar. Mais raiva me dão aquelas moças magras, muito magras, que andam blasé pelos corredores. É lógico que elas passaram horas pensando com qual roupa viajariam, apesar de quererem parecer displicentes e despojadas, escolheram sua melhor calça jeans e deram um jeito de despachar todos os seus milhões de pertences dentro de uma única mala, para a bagagem de mão não fosse nada além daquela bela bolsa de couro, charmosa e enorme. Que raiva! Como elas conseguem?
Privilégio é poder sentar no café do aeroporto e degustar com calma um espresso antes de embarcar. Adoro este momento de observações, de possibilidades. Um casal que se beija apaixonadamente me faz lembrar que aqui, neste café - hoje reformado, um dia houve um beijo. Um beijo loucamente arrebatador com gosto de café torrado. Na minha boca, neste instante, ele revive.
Mas essa é outra história que um dia eu conto.
Boa viagem.
2 comentários:
ahhhh, conta?!
Adorei, sempre achei esse momento igualmente mágico. Nunca deixa de ser engraçado e interessante.
Quanto às moças (eu também nunca entendi como coneseguem se calçar depois de 10 horas de viagem naquelas botas bico-fino-salto-agulha)é uma espécie de dom, mas um dom chato.
Nada melhor do que acordar com o pé do tamanho de um pão, sair do avião com o tênis meio calçado e o cabelo acordando em todas as direções por conta da estática.
Ah.... viajar....
pega logo esse avião e volta logo!
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