quarta-feira, 12 de junho de 2013

mulher

Não há outro caminho de entrada no mundo que não seja pelo corpo da mulher. A mulher é o portal para o universo. Ela é também o ventre do Ser. Cada pessoa no mundo começou a vida como um traço minúsculo nas profundezas da mãe cujo ventre é o espaço onde esse traço se expande e se abre para assumir a forma humana. Em termos de futura identidade e destino de uma pessoa caminhando pelo mundo, este é o tempo de máxima formação e influência. No encontro humano, nada chega a ser mais próximo do que isso; nunca dois seres poderão estar mais perto como quando um está se formando nas profundezas do outro. Naturalmente a relação é imensamente desequilibrada: um é uma pessoa completa, o outro é minúsculo, apenas começando sua jornada rumo à identidade absorvendo vida da mãe. Porém, na noite do corpo materno, cada um está desesperadamente aberto ao outro. Homem nenhum chega mais perto de uma mulher. Mulher nenhuma chega mais perto de outra mulher. Esse intricado nutrir e desabrochar de identidade se dá debaixo da luz no subconsciente físico de seu corpo. A mãe não vê nada. A jornada é inteiramente às escuras. É a mais longa jornada humana do invisível ao visível. De cada via interna, o labirinto de seu corpo aporta um fluxo de vida para formar e liberar esse peregrino interno. Imagine os incríveis eventos que vão chegando para formar o embrião: de como cada partícula de crescimento equivale à formação de um mundo oriundo de fragmentos.
[John O´Donohue]

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