De repente percebo que começo a
ter rugas. São marcas indeléveis de uma vida intensa, lindamente
construída sobre minhas vontades e escolhas. Trago marcas pra todos os gostos,
de tristezas profundas e alegrias indescritíveis, amores muitos, viagens loucas,
poucos excessos, porque sempre amei muito meu corpo.
Mas viver conforme a orientação
da minha alma é muita guerra. É preciso buscar coragem lá no fundo do coração,
coragem para agir com fé a amor, coragem para desapegar-se do que não está para
mim. Eu, que pouco me importo com “os outros”, me percebo triste ao constatar
que um ato tão puro como agir a partir das vontades da minha alma gera
incompreensão alheia. Aos olhos dos outros parece descaso, parece loucura, mas
na verdade é só altruísmo, porque quando você liberta, está prestando um
serviço a várias dimensões, não só a você mesmo.
Esta não é a primeira solidão da
minha vida – e nem será a última. Já sobrevivi antes, às vezes mais morta do
que viva, e aqui estou, mais viva e fiel do que nunca. Eu amo demais, amar é coisa muito boa. E parto para novas viagens com o coração aberto, pra mostrar fotos ainda inéditas, contar
e ouvir causos e descobrir novas canções.
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