Os gatos de Noronha são carentes. Eles miam muito, gratuitamente. Um miado firme, decidido, de quem não se arrisca no pedido. Mimados, insistentes, obstinados, chegam a ser grosseiros: aprenderam que para viver aqui, ou é assim ou vão morrer de fome. Em 10 dias de ilha, morando com 14 homens em um alojamento coletivo, lavando roupa na mão, indo a pé pro trabalho debaixo de tempestades, mergulhando até 18m de profundidade, nadando com tubarões e raias, trabalhando muito, comendo pouco... percebi que pra viver aqui precisa mesmo ser muito macho! Falo daquele estereótipo de macho nordestino, forte, duro, imbatível, de poucas gentilezas, machista, mas no fundo muito carente. Os homens aprenderam com os gatos que aqui, para viver, é preciso de uma crosta protetora. Eu, avessa a qualquer barreira que me impeça de acessar gatos ou seres humanos, estou sofrendo um bocado - mas aprendendo dia-a-dia. Reforço que a afetividade, a amorosidade, o sorriso e a gentileza são a única via possível para mim. Ontem mesmo já conquistei o primeiro gato. Miado estridente atrás de um pão de queijo que eu comia. Dividi com ele, fiz um afago. E ele ronronou.
Simples assim.
3 comentários:
homens e gatos só querem isso. comida e um pouco de atenção...
welcome to that cat jungle
meowwwwww....
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