domingo, 26 de setembro de 2010

sobre a reciprocidade

Ontem fui ver "Inverno da luz vermelha", de Adam Rapp. Daniela Thomas como sempre arrasando no cenário e Monique Gardeberg na direção, conduzindo muito bem aqueles três jovens atores. O texto é muito perspicaz. Cheio de surrealismos e situações improváveis, mas também tão real que me assustou. É impressionante como o teatro, quando bem feito, traz a vida em toda sua potência: é a sua vida sendo representada no palco e contada por outrém. Isso dá muita energia para dejavus nem sempre desejados. Eis que o psicodrama involuntário trouxe de volta aquela noite almodovariana.

Eu pensava:
Foi tão forte que não era possível que você tivesse sentido diferente. Tinha que ser igualmente intenso, especial, excepcional, incrível para você. Como podia ser só um passatempo, um encontro casual, uma conversa corriqueira de bar? Não! Definitivamente aquele sentimento era recíproco!! Eu batia no peito bradando que eu SABIA, que eu não era uma imbecil, que não podia estar enganada, porque eu SENTIA que você e eu estávamos em uma conexão profunda.

Mas eu estava enganada. E a peça de ontem fez cair a ficha: por mais forte que pareça, nem sempre o que é pra um, é verdadeiro pros dois.
Tá tudo certo.

Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho.
Guinga e Aldir Blanc

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