sexta-feira, 8 de maio de 2009

exercício experimental da liberdade

Fiquei um pouco raivosa com esse congresso. Incomodada naquele ambiente, porque jornalista baba ovo o tempo inteiro e se acha o rei das cocadas de todas as cores (depois dizem que artista é que tem ego desmesurado...). E quando alguém diz uma coisa que vem do coração, vira piegas. Legal é reclamar das horas trabalhadas a mais e do parco salário recebido em troca. Ir pro Filial depois do fechamento, pedir um chopp pro Ailton e ficar reclamando do fechamento, esbanjando cansaço, exibindo olheiras. Adorei quando o Danilo Miranda disse pra todo mundo ouvir: "vocês me desculpem, mas tá cheio de colega de vocês por aí fazendo gênero...". Em grande medida, esse comportamento, essa persona fake que você vai assumindo à medida que entra nesse rol, foram os responsáveis pela minha escolha em me afastar do jornalismo. Não foi escolha fácil, mas pensada. Como em qualquer outra profissão, tem muito pouca gente que acredita no que fala - e que pratica o que fala. Mas nessa profissão não dá pra aguentar essa discrepância. Não dá pra você dizer uma coisa e escrever outra, não dá pra você dar a tua cara pra bater por coisas em que você não acredita.
Bom, pra mim não deu.
... mas tem muita coisa boa também. E muita gente boa e competente, que se envolve, faz jornalismo com paixão genuína. E hoje, apesar de ter passado o dia com a cabeça estourando, os olhos ardendo febris, os pensamentos em qualquer lugar menos onde eles deveriam estar, pensei nisso.
Ouvi a Ana Maria Tavares dizer que a arte é o exercício experimental da liberdade. Essa frase caiu como um colírio nos meus ouvidos. Sem perceber, acho que apliquei isso à minha vida, ao meu caminho profissional. Estou, a cada dia, exercitando experimentalmente a minha liberdade, fazendo o que eu amo. Leitora curiosa, executora de projetos, neo-chefe, cantora, dialogadora voraz, blogueira, estudante sedenta, criadora de ideias...
O mais legal dessa vida (MESMO) é que a gente pode ser o que quiser.
Inclusive jornalista.

Um comentário:

juli, jornalista e atriz. disse...

justo.