domingo, 17 de maio de 2009

a estatística do amor

Antes de sair pro aeroporto ela se olhou no espelho, ajeitando o cabelo. Como de costume, falou com sua imagem refletida: "Como você está linda!". E sorriu. Embaçou o espelho com o hálito fresco de mentol. Colou os lábios no vidro frio e deixou um beijo rosado para ele. Apagou a luz e foi.
No balcão do check in, pouca fila. O vôo estava no horário, o que lhe deixava pouco tempo para aquele café-observador de que tanto gostava. Mesmo assim foi até o bar. Encostou no balcão, distraída: "Um café. Curto, por favor".
"Açúcar ou adoçante, senhora?".
"Nada, obrigada. Tomo amargo".
Então, antes do primeiro gole, sentiu. Um arrepio escalava cada uma de suas vertebras e um perfume inundou-lhe o pescoço. Com a xícara quase entre os lábios, levantou levemente o olhar.
"Um café, por favor. Curto".
"Açúcar ou adoçante, senhor?".
"Nada, obrigada. Tomo amargo".
Desviou. Deu o primeiro gole. Quente.
"Engraçado", disse ele. "Poucas pessoas tomam café sem açúcar".
Sorriram.
"É... os brasileiros gostam de café muito doce", replicou ela.
"É um povo muito doce", ele - em tom elogioso.
Sorriram.
"Hmm, estão chamando meu vôo, vou indo", disse ela, dando o último gole. "Tchau".
"Tchau. Boa viagem", respondeu ele.
Apanhou o sobretudo e virou-se evitando encontrar seus olhos, levando consigo o perfume.
Agora em seus cabelos, cangote, orelhas.
O arrepio havia se transformado em olhar que a seguia.

3 comentários:

Diana Assennato Botello disse...

o meu fechamento precisa acabar antes que eu escrever. Quero todas as minhas energias de volta pra essa brincadeira-delícia.

Beta disse...

take your time, babe.
beijo e bom fechamento pra ti.

Diana Assennato Botello disse...

agora que vi, virei anarfa suddenly.
Apaga esse comentário!
rs...