É primavera. Tá exuberante a Natureza. Borboletas coloridas, flores perfumadas, a grama verdinha e a fruta no pé. Pitanga e amora. Os insetos felizes. Dama da noite cheira até de dia. Me reconheço neste desabrochar. Tenho ido correr no parque, tem sido um presente pros olhos. No meio do caos desta cidade, do ocaso aqui dentro, a Natureza me salva. Como sempre.
Corro pra fortalecer o coração. Ele está batendo como nunca na energia do amor. Na insistência no amor. Só ele pode nos salvar do ódio, da loucura e até do desejo. Eu acredito nisso porque ainda te amo. Quer dizer, te amo e pronto (sem ainda). Porque amor que é amor não acaba nunca. Então fiquei pensando na eficácia do amor: é capaz até de aplacar o próprio amor.
Corro para libertar minhas memórias. Como uma alcoólatra, cada instante sem você é um instante a mais comigo. A leveza está sendo uma conquista diária.
Corro para oxigenar a razão, que não para de tentar entender porque você quis ir embora. Assim de repente, soltou da minha mão. Como a gente trata com distanciamento alguém que acabou de estar tão perto, ao seu lado, há pouco deitada na sua cama, onde algo tão intimo como dividir a cama e os lençóis quando o dia amanhece e os lençóis ficam lá escancarados com suas manchas e sua noite impregnadas. Como alguém sai da sua vida para a nulidade?
Corro para compreender quão profunda é essa caverna onde você se enfiou. É preciso de coragem pra colocar o dedo na ferida e superar a dor. É preciso de coragem para ir até o mais escuro dos intestinos. É preciso de coragem para receber este amor. Te desejo coragem.
Corro. Corro pela vida.
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