...porque eu não sei ficar na janelinha assistindo a vida passar. Eu preciso abrir a porta, escancarar as cortinas, deixar a luz do sol entrar. E se vier a chover, eu seco. Seco as lágrimas, seco por dentro, seco a chuva, até o sol voltar de novo. Já fiz isso muitas vezes. Não, não me vanglorio disso. Pelo contrário, gostaria de ter secado menos lágrimas e, sobretudo, de ter secado menos por dentro. Mas é assim que eu sei viver, essa sou eu. Vivo tudo. Depois morro tudo, de morte bem morrida. E depois vivo de novo, como planta que foi podada.
Hoje acordei pensando em você, acho que é porque soube que vai se casar. Felicidades, com gosto de maresia. É o que te desejo. O Feu sempre diz que o único lugar onde ele consegue sentir cheiro de maresia aqui é na Caieira. Estranhamente, é verdade. Mas hoje pela manhã, enquanto o vento rajava a um palmo da areia - como que por magia sem levantar um grão - eu, deitada na minha canga, o sentia acarinhando minha pele e trazendo aquele cheiro antigo e salgado de alga úmida. Tão bom, tão conhecido, tão confortável.
Quem não quer votos de felicidades-sabor-maresia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário