sexta-feira, 22 de abril de 2011

gosto de você, mas não é muito

na verdade eu gosto mais de mim, de certo. Em primeiro, segundo e terceiro lugar, sou eu que importo. É comigo que eu acordo todos os dias, é a minha cara que olho no espelho e perplexa pergunto: mais uma vez, sua trouxa?!? Sou eu mesma quem seco minhas lágrimas, mordo o lábio e amargo o coração - por alguns segundos apenas. Depois tudo vira ternura. Olho para baixo: só o chão e meus passos, que já são mais de um milhão rumo ao entendimento profundo de mim. Busco ser uma pessoa melhor a cada dia - e acho que consigo. Por isso, de ti não guardo raiva nenhuma. Nem ressentimento, nem nada ruim. Gosto de você, porque você é uma pessoa extremamente gostável. Sensível. Mas no fundo não provoca emoção. Seu olhar é diplomático, suas reações, calculadas. Seu nome é responsabilidade, caracteristica que estou tentando afastar de mim, cada vez mais. Você não se deixa acessar, acha mais seguro dividir sua intimidade com a cachorra. Talvez por essas razões, eu goste de você, mas não é muito. Então, o que haveria de errado em estar com você apenas para tomar um banho quente de vez em quando, ou assistir um filme num dia de chuva? Nada. E seria muito bom. Mas persigo uma leveza que não consigo conquistar e isso me aflige. Não consigo. Talvez porque eu goste de você um pouco mais do que muito.

2 comentários:

Guilherme Navarro disse...

Passei horas passando por blogs. Umas 4 horas. Só o seu me interessou. Texto bom, sinto talento.

Beta disse...

obrigada, Guilherme! Também passei pelas suas prosas e gostei! Ficamos em contato por aqui(s).
beijos