Sábado fui num bar onde nunca estive. Ele existe há 17 anos em São Paulo, ou seja, eu tinha 10 quando abriu. Cheguei lá e achei o lugar um moquifo. Moquifos costumam ter ótima música, pensei. Depois de alguns passos, muito charmoso. Aconchegante, clima de "lá em casa". Luz baixa, várias mesinhas, pessoas interessantes e um palco ao fundo. Bem iluminado. Um garçom simpático faz toda a diferença. Gostei, certamente me tornarei uma habitué, pensei (de novo). Sentei com uns amigos que já tinham chegado. "Pô, legal esse lugar, né, meu? São Paulo surpreende a gente com uns buracos, vou te contar...".
"Pois é", diz uma amiga. "Hoje é a última noite, estão fechando".
Como assim????????? Hein?! Encontro um lugar de música bacana, barato, com pessoas bonitas, garçom simpático... e vai fechar?
Dezessete anos se passaram e vai fechar BEM hoje???
Daí em diante parecíamos um monte de bêbados saudosistas. No palco se sucediam músicos mais ou menos significativos - a maior parte deles realmente bons, que de alguma forma prestavam homenagem à casa que foi tão importante para a música brasileira dos anos 1990. O bar parava para ouvir. E aplaudir. Entre uma entrada e outra, os dois sócios se revezavam para narrar pequenas histórias do lugar, detalhes de personagens especiais, palavras bonitas e comoventes. Todos participavam de alguma forma - até nós, que estávamos lá pela primeira vez. O clima não estava derrotista, mas genuína e estranhamente esperançoso. Amigos de longa data trocando abraços, cantando e bebendo juntos num ambiente familiar. A última frase de que me lembro, e anotei para não esquecer antes de algumas doses de Seleta, foi o Rafa dizendo: "Puxa, já estou quase com saudades de um lugar onde nunca vim". Nos olhamos. E rimos muito: na felicidade melancólica que só a madrugada é capaz de trazer.
2 comentários:
que bar foi esse? fiquei curioso!
No tom...
Como diria a Mel, "triste triste"... mas com sorriso no rosto.
A noite, e o post!
Adorei.
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