Eu já não sabia mais como lidar com uma vida cheia de
atribuições. Tive que me exilar numa ilha semi deserta no meio do Atlântico pra
deixar de ter 4 empregos, fazer pós graduação, estudar canto, assistir a todos
os filmes em cartaz, ir ao supermercado, ser bem cuidada, culta, sociável e namorável...
Não sucedi muito. Foram poucos meses de “experiência do vazio”.
Logo comecei a me envolver em trabalhos comunitários, cursos, atividades mil
fora o meu trabalho oficial – que eu tinha jurado que era a única coisa que eu
ia fazer porque realmente precisava! Então o tempo foi me engolindo, a rotina
frenética foi se apaixonando por mim novamente. Aceitei que esta é minha
essência, não posso fugir dela. Não deixei de ir à praia, mergulhar, aproveitar
a ilha... mas fui acumulando funções, recheando meus dias de compromissos e
horários.
Então entra em cena uma barriga. Atualmente com 24 cm. Ela me
impôs limites. De repente, cadê minha independência? Onde foi parar minha
vontade própria? Cadê minha disposição para enfrentar jornadas de trabalho,
estudo, prazer?? Essa história de gravidez é uma insanidade! Eu preciso deixar
tudo em ordem pra quando meu filho chegar!!!! Estar saudável e cuidar para que
ele esteja, praticar yoga, cozinhar e comer bem, ganhar e guardar dinheiro,
fazer um caderninho de memórias para ele, pensar em como será o parto, onde,
quando e com quem, concluir trabalhos e realizar repasses e treinamentos, lidar
com o fim de um relacionamento no meio deste turbilhão emocional, cuidar da relação
com meu pai, ter paciência com a imbecil que tirou 15 dias de atestado médico
no trabalho, organizar chás de fraldas e ter um enxoval mínimo para receber o
pequeno, cortar o cabelo, a unha, ser blogueira, conciliadora, versátil, magra
e... louca??? chegaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Cansei de ser super mulher. Não quero.
Não preciso.
Mas não sei como ser diferente.
#levedesespero