segunda-feira, 30 de abril de 2012

contrarios complementares

Eu gosto de uma boa feijoada com cerveja. Mas nada como uma salada fresca, crocante, vegetais recem saidos da terra regados a azeite de oliva estourando na boca!
Eu adoro a noite, a madrugada, seus brilhos, suas lascividades, sua libertinagem, mas que delicia colocar o corpo para descansar cedinho e acordar com os primeiros raios de sol convidando para uma linda pratica de yoga. Confesso: sou chegada numa cama, adoro ficar nela hooooras, de dia ou de noite, sozinha ou acompanhada. Sou bastante dorminhoca. Mas o que dizer da manhazinha, com seu frescor e suas cores palidas, na certeza de que ainda tem um dia inteiro para inventar pela frente??
Adoro viajar, mas nao ha lugar melhor do que a minha casa - onde quer que ela seja, neste momento de suspensao.No fundo, sou caseira, adoro curtir o lar, arrumar, perfumar, embelezar, mas sou rueira como poucos: o pe ta sempre na soleira da porta, pronto pra pisar delicadamente nas delicias do mundo.
Na verdade, eu sou faladeira pra caramba. Gosto mesmo eh de contar causos nos minimos detalhes durantes noites ragadas a vinho bom. Mas impagavel eh o prazer de saber ouvir calada para absover, aprender.
Amo a musica - entre todas as minhas paixoes, esta eh, sem divida, a numero um. Mas descobri como o silencio acalma, traz consciencia e toca num lugar onde musica nenhuma se atreve a entrar. Eh a musica da alma.
Estar em bando entao... rodeada por amigos queridos, eh certamente uma das coisas mais prazeirosas para mim! Mas como nao apreciar em igual medida a solitude, com toda sua melancolia e profundidade?!
E tem mil outras coisas que eu adoro, como gosto de seus contrarios, muitos diriam "inconciliaveis", eu digo "complementares". A vida eh uma grande lousa onde da pra riscar varios caminhos, mudancas de rota, escolhas aparentemente opostas, todas as experiencias e vontades. Eh pra isso que estamos aqui: pra riscar essa lousa louca com vontade, sem apagador.
Eh bom assim: esse vortice me faz sentir viva, eu gosto! Se bem que um pouco de quietude nao eh nada mal... eheheh...!

domingo, 22 de abril de 2012

nice mala de mulungu

Tudo comecou quando cismei que queria ter um colar vermelho pra essa viagem. O quintal da casa Radiante estava forrado de sementes de mulungu, vermelhas como fogo. Nao tive duvidas: sai catando e juntei um saquinho bem parrudo. Levei pra Mari com a intecao de fazermos juntas, mas ela me surpreendeu ao entrega-lo prontinho da silva no dia antes da minha partida. Fomos la no atelier, eu, Cumbah e Cintia, e, com lagrimas nos olhos, ela me presenteou o colar e um par de brincos para ornar. Mal sabia ela o sucesso que este colar faria na India... Eu nao tiro mais do pescoco: virou meu amuleto e meu chamariz. As pessoas me param na rua, todos ficam vidrados no meu "mala" (colar, em hindi). "Nice mala!!! Onde voce comprou? Eh feito de feijao??", pergutam curiosos. A semente do mulungu se assemelha muito a um feijao vermelho, comestivel aqui na India. Quando explico que sao sementes brasileiras que eu mesma colhi no quintal da minha casa, eles adoram e enlouquecem. Dizem que aqui eu venderia este colar por um bom dinheiro.
Mas este eu nao dou, nao empresto, nao vendo por nada. Eh meu amuleto, minha conexao com Noronha, com a energia da ilha. Quando eu me sinto em perigo ou sozinha, eu seguro meu "mala", enrolo entre os dedos e aperto com forca, invocando a protecao de Oxum.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

ahimsa

Meu primeiro dia em Rishikesh foi um caos, como nos outros lugares em que cheguei - ate ai nenhuma novidade. Mas aqui fiquei com raiva, porque as ruas sao um grande mercado de espiritualidade, felicidade, bem estar, conexao com o cosmos. Ah tah (pensei), agora tudo faz sentido: atravessei dois oceanos pra comprar um cedezinho de mantras, tomar uns milagrosos remedinhos ayurvedicos e alcancar a iluminacao!
Primeiro (e totalmente paradoxal): eu nao entendo como pode haver tantos iluminados num lugar tao caotico, barulhento, sujo, desrespeitoso, consumista.
Segundo: o que eu vim fazer aqui?!?! (de novo!).
Encontrei um oasis no meio de toda essa zona e resolvi mergulhar - que saudades de mergulhar...Entao ate hoje, esta foi uma viagem rica como qualquer outra. Agora passou a ser uma viagem para dentro, acho que eh isso que a India tem de melhor para oferecer. Se tem uma coisa que eu gosto de fazer eh viajar, e posso dizer que ja embarquei em algumas boas viagens pra dentro. Sei que o caminho eh arduo. Doi pra caramba.
Nunca respirei tanto. Passo pelo menos 4 horas do meu dia observando como respiro, e quanto, e onde. Respirar doi: eh abrir espaco, regar o coracao, ouvir a musica do corpo. Eh encontrar os nos e desata-los na marra, respirando.
O corpo eh o que mais reclama. Tudo doi, porque a minha mente se acha muito esperta e ainda nao aprendeu a respeitar os meus limites. Ela sempre quer o otimo, mas a perfeicao eh violenta, ela eh agressiva e tola, como qualquer vicio. Entao estou aqui, como um bebe, aprendendo a respirar e a praticar ahimsa comigo mesma. Ahimsa significa "nao violencia" e eh um dos principios que regem o yoga. Estou aqui pra aprender que eh comigo mesma, antes de tudo e principalmente, que tenho que praticar ahimsa.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

noites do deserto - parte 1

Olha, descobri que sem marido eu nao fico! Em 8 dias de India, coleciono pretendentes. Este ultimo, um partidao, dono do hotel onde estou hospedada, hoje no cafe da manha me disse que meu pai poderia ficar com todos os seus camelos (dez, ao todo), se eu me casasse com ele - pega essa pai!!! Quem sabe nao eh a salvacao financeira da familia???? :)
Sei nao, viu?! To muito confusa com tantas referencias diferentes. Nem mesmo em Angola senti tantos choques culturais, tanta disparidade entre os generos, entre os habitos... realmente isso aqui eh outro mundo, a Marina estava certa quando disse que neste lugar voce entra em contato com partes suas intocadas.
Entao, meu partidao (o nome dele eh Ashok) me convidou para jantar na casa de sua familia, num vilarejo de mil habitantes a 40 km de Jaisalmer. Ok, vou contextualizar: estou numa cidade medieval no meio do deserto do Rajastao, fronteira com o Paquistao. O Forte, tipico nas cidades desta regiao, eh uma das principais atracoes turisticas e a vida gira em torno dele. No caso de Jaisalmer, ha uma particularidade: o Forte, que data de 1156 d. C., eh habitado. Muitas familias vivem dentro dele (inclusive meu hotel esta aqui dentro), em pequenas casas construidas com pedras encaixadas, sem cimento ou reboco. Pedras que sao tipicas desta localidade, cor de areia, cor de mel, cor de ouro. Aqui o tempo cessou, o relogio atrasou e vive-se a vida seca do deserto. Ja houve um tempo em que muitos anos se passaram sem que sequer uma gota de agua caisse sobre Jaisalmer. Hoje, as mudancas climaticas trazem chuvas anuais na epoca das moncoes (a partir de julho), mas dois dias depois de iniciadas as chuvas, este povo reza aos deuses para que cessem de enviar agua dos ceus... Surreal...! Eh nesta secura toda que me encontro.
...E voltando ao jantar na aldeia de Ashok, foi uma experiencia sobre a qual eu deveria me debrucar e escrever nos minimos detalhes. Foi um teletransporte a nao sei qual seculo, nao sei qual tempo perdido. Cozinharam, conversaram e comemos. Em silencio. As mulheres separadas dos homens, servindo-os como deuses no olimpo. E eu, por ser convidada, tambem comi separadamente, observando cada detalhe, a maneira como tudo era preparado, servido, ingerido, lavado... E o que eu puder escrever ou contar, sera pouco perto da riqueza ritualistica daquele simples jantar.
Voltando para o hotel, o vento da noite refrescava meu corpo. Senti, como aqueles dias na Huila, que esta eh uma experiencia que eu jamais vou esquecer.

P.S.: Obviamente, apos me pedir em casamento, Ashok esclareceu: "Bem, agora voce ja conhece minha familia, viu que sou um homem de bem e que nao sou casado... Pense bem na minha poposta!".
Eu so dou risada.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

indigo

Cara, nao da pra escrever sobre tudo... nem que eu quisesse, eu conseguiria. Porque cada acontecimento, cada pausa, cada encontro eh uma historia de varios capitulos!! Eh geralmente assim em viagens, mas garanto que aqui eh imbativel.
Eu sei que depois de almocar na casa da Bharti com toda a familia dela (so este almoco mereceria um capitulo a parte), e ouvir historias de vida de uma moca rebelde de uma familia tradicional indiana (outro capitulo), eu peguei um trem para Jodhpur. Trem este que quase perdi, pois percebi que estava sem agua e nao ia ser legal encarar uma viagem de 6h sem agua potavel. Entao tive a brilhante ideia de descer rapidinho do trem, que comecou a se mover enquanto eu recebia o troco pela garrafa de agua que tinha acabado de comprar. Obviamente, o troco ficou no balcao, ou caiu no chao, ou sei la, ja que eu sai correndo pra pular no trem ja em movimento. Mais legal do que encarar 6h de viagem sem agua, seria o trem partir com a minha mochila la dentro, ne?? Putz, quase tive um treco, mas deu certo. Onus de viajar sozinha...
As 6h de viagem transcorreram tranquilas, comunicacao super fluindo com uma simpatica familia que nao falava sequer uma palavra de ingles... mas a gente se entendeu (na proxima encarnacao, ja combinei que vou voltar para aprender, no minimo, 10 idiomas - incluindo hindi). Sorte que no compartimento tambem estava um senhor que falava um pouco de ingles e, as vezes, traduzia coisas de suma importancia, por exemplo quando a senhora (mais velha) fez as duas perguntas classicas: 1."voce esta viajando sozinha?", 2."Voce nao eh casada???". Caraca, eu nao sou casada!!! Mas, desta vez, eu resolvi dizer que era, e que meu marido teve que desistir da viagem de ultima hora por motivos de trabalho. "ahhhh!", ufa! Todos fizeram uma cara de alivio por eu ser casada! Ate eu fiquei mais confiante, ehehehe... mentirinha inofensiva que amainou o choque cultural.
Enfim, 6h depois: Jodhpur, a cidade azul. A cidade dos tecidos e das especiarias - Carol, voce ia se deliciar aqui com tantos pozinhos e sementinhas magicas pra colocar na comida!!!!! Peguei um rickshaw ate o Haveli que escolhi no LP. To ficando esperta nesse negocio de motorista de rickshaw: eles pedem 100, no fim voce paga 60 e tem que ficar o caminho inteiro repetindo pra onde voce quer ir, senao eles te levam pra outro canto.
Cheguei na guest house quase onze da noite. Uma graca de lugar, toda colorida, decorada com flores e moveis antigos, cheirando a incenso e com lustres de mosaico. Feliz pela escolha acertada, dou de cara com o dono, que estava na recepcao todo descabelado, cambaleante, com calcas molhadas, tipo quase que completamente bebado.
OK. Saio correndo ou dou risada???
Comecei a dar muita risada. Ele mandou trazer uma Heineken pra mim "on the house" - ele disse, "por conta da casa". Bonus de viajar sozinha! Falamos do Brasil, sobre o fato dele estar bebado, a esposa dele apareceu (sobria) e ele nos apresentou. Ela sorriu pra mim e se foi. Ai ele disse: "Desculpe, nao vou poder te acompanhar ate o quarto, porque ontem cai da escada e tou todo fodido! Pois eh... eu desobedeci meu guru, ele mandou eu parar de beber, mas eu bebi, entao cai. Eh pra eu aprender...", concluiu com uma cara de bebado arrependido. Subi para o quarto e abri a cortina; a vista era incrivel!!!! Apesar da escuridao, eu podia ver que o Haveli ficava exatamente embaixo do Forte de Mehrangarh, o principal momumento da cidade. Incrivel, sensacional, o negocio parecia uma pintura bem em cima da minha cabeca!! Fui ate a laje, a lua brilhava linda sobre as casinhas da cidade indigo e iluminava o Forte, imponente como um gigante.
Cenario alucinante que mereceu mais uma Heineken. Cheers!

sábado, 7 de abril de 2012

casamento indiano

Diariamente, os deuses indianos têm enviado pessoas especiais para iluminar meu caminho. Meu anjo de hoje foi Jatin, um moço bonito do deserto. Ele tem 27 anos, webdesigner, praticamente um playboy em jaipur, essa cidade "do interior", capital do estado do rajastão, com 4 milhões de habitantes. Jatin é sério, fechado, trabalhador. Ele pertence a uma alta casta, tem um carro bacana e, apesar de um pouco mal humorado, é bem gente boa. Um gentleman. Mas ele tem um problema: todos os seus amigos estao se casando - não, não só as minhas amigas que estão casando, tá?! "Aqui na índia, um homem de 27 anos precisa se casar, ou estar num relacionamento estável, o que não é o meu caso", disse ele enquanto me levava pra cidade rosa. "E daí?", perguntei eu ingenuamente. "E daí que meus pais já estão fazendo alguns movimentos para arranjar meu casamento. Sabe, as pessoas começam a perguntar se há algo errado, é constrangedor...". "E você vai aceitar isso?! Vai aceitar se casar com uma mulher que nem conhece e por quem nao tem nenhum sentimento??". "Eu nao tenho outra escolha", respondeu ele firme e convicto. "e depois que você começa a viver com uma mulher, você começa a gostar dela..." , essa frase saiu num tom mais resignado. Por alguns segundos, fiquei em estado de choque. Eu sabia de casamentos arranjados. Em angola já havia entrado em contato com essa realidade mais de perto, mas ontem mesmo durante o jantar conversava com uma conhecida indiana sobre isso e ela comemorava o fato das pessoas estarem se tornando um pouco mais esclarecidas e começavam a evitar esse tipo de absurdo. Então eu não entendi muito bem como o Jatin, bem apessoado, esclarecido, viajado, pudesse se submeter a esse tipo de costume. Passado o choque, pensei em reagir. Pensei, rapidamente, em pegar suas mãos tão belas, aperta-las com força, olhar bem no fundo dos seus olhos negros e pedir que ele se libertasse e buscasse seu amor. Pensei em suplicar com todo o meu amor, que diariamente distribuo por ai, que ele buscasse sua felicidade. Mas não fiz nada disso. Respirei fundo apenas e no fundo do meu coração aceitei o seu tipo de feicidade. "Espero que sua futura esposa seja uma boa mulher e que vocês se gostem muito quando se conhecerem", foi o que eu disse. Percebi, num instante, que uma coisa tão normal, quase banal pra nós, é na verdade um tesouro. Às vezes a gente se esquece do valor da liberdade.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

a chegada

quando pisei no solo encarpetado do aeroporto internacional Indira Ghandi, senti uma emocao de quem volta pra casa: coracao na garganta, uma explosao de felicidade dentro do peito. Esbocei um sorriso espontaneo de crianca que durou longos minutos. Welcome to India! Era uma e meia de uma madrugada clara e abafada. Muito cansada e um pouco gripada, pedi com amor (ao meu anjo e) ao taxista que me enfiou dentro do black cab, para que ele me levasse direto ao hotel que eu havia reservado, e nao ficasse dando mil voltas tentando me levar pra outro lugar. Jedi era o seu nome. Ele tinha uma cara boa. Sorriu e disse "all right" em um ingles quase incompreensivel, o que nao impediu uma boa prosa no caminho ate a cidade. O local do hotel era a visao do inferno, ainda mais a esta hora da noite, tudo fechado e com fogareiros isolados iluminando a estrada. Ainda bem que o Joao tinha me avisado que o lugar era "assustador", senao eu teria saido correndo, ou mesmo pedido ao Jedi que me levasse a outro hotel. Mas resolvi encarar. Desci do carro e fui andando por uma viela lugubre ao final da qual supostamente encontrava-se o tal hotel. Acho que foram os segundos 50 passos mais tensos da minha vida - os primeiros foram em Panama City, quando fui parar num bairro igualmente bizarro cercada por cafetoes e traficantes. Enfim... no hotel, o recepcionista dormia confortavelmente sobre um lencol estendido no hall. Caraca, a India eh impressionantemente caricata! Ele nao estava muito comunicativo. Fato eh que queria voltar a dormir logo e foi me dando a chave do quarto: "good night, mam". Ok, good night so se for pra voce! Como eh que eu vou ter uma good night num quarto sem janelas, aparentemente - e apenas aparentemente - limpo (eu adoro usar eufemismos!), e com lagartixas prestes a despencar do teto sobre a minha cama??? Apesar do cansaco dilacerante, dormi apenas algumas horas. O calor era insano, o lugar era insano, na verdade, eu sou insana! Pra que, me perguntei, pra que eh que eu fui deixar minha vidinha insular pra passar por isso??? Minha casinha de frente pro mar, Valentina, rede na varanda, meu preto me fazendo carinho... pra dormir com lagartixas em NOva Delhi?!??!?!?! Contudo, curiosamente, aquela sensacao de felicidade do aeroporto nao havia desaparecido. Tentei controlar o desespero e me lembrei de que, depois de tudo passado, a serenidade que brota eh incrivel e o que foi vivido faz sentido profundo. Foi assim com Noronha, onde muitas vezes me perguntei o que estava fazendo com a minha vida... Confio que sera assim tambem com esta viagem.
Depois de despertar 50 vezes no sono da manhazinha, resolvi levantar e encarar o dia - sem saber muito por onde comecar: procurar um hotel melhor ou resolver rapidamente o que precisava em Delhi para sair daqui o mais rapido possivel?? Estava muito confusa e perdida. Ha muito tempo nao me sentia assim. Muitas buzinas - quero dizer MUITAS mesmo: Napoli + Roma + Atenas + Sao Paulo na hora do rush elevado ao cubo! Todo mundo anda junto na Main Bazaar Rd. Rickshaws, velhos, taxis, motos, cegos, vacas, bicicletas, criancas, gringos...nos dois sentidos, um no sentido do outro, tanto faz, o importante eh buzinar! Tudo se auto organiza da maneira mais caotica possivel. Enquanto a velhinha quer ler minha mao, o cozinheiro me oferece pesteizinhos fritos na hora ao lado do senhorzinho que vende remedios ayurvedicos e incensos. Me sinto alimentada por tantos estimulos que nem tenho fome, ou vontade de comer. Peguei o metro, lindo e organizadissimo (de verdade), e fui comprar minha camera nova e um telefone indiano (ra!). Falei com o Brasil, comi um delicioso e apimentado falafel de lentilhas e espinafre e fui dormir feliz. Sabe que agora, ha poucas horas do desespero que durou poucos minutos, nem tudo eh tao ruim quanto parece, tudo depende de como a gente olha. E pretendo manter um olhar inocente e curioso pras coisas, pras pessoas, e me divertir com as coisas que derem "errado". Mudei pra um quarto com janela e, no apice da insonia, vi que a lua la fora ta linda, quase cheia.
Se vemos a mesma lua, nao estamos assim tao distantes, nao eh mesmo?